Uma transexual foi agredida com uma rasteira por um homem na madrugada da última quinta-feira (21), em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A agressão foi gravada por amigos do jovem e viralizou nas redes sociais.
Nas imagens, é possível ver o homem ir até Luara Silva e dizer ‘oi, moça’. Depois, pergunta quanto é o programa e, por fim, dá uma rasteira na transexual, que cai no chão.
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“Eu estava fazendo um serviço de campo com distribuição de preservativo e gel lubrificante, ai parou esse carro desceu esse rapaz e meu deu um chute e eu caí no chão. Na hora que ele me deu o chute ele já saiu correndo, entrou no carro e foi embora. Ele é tão covarde que na hora que ele chute ele já corre, porque se ele fica a gente resolvia também, tinha problema não”, diz Luara.
Luara é presidente da Associação Triângulo Trans, entidade de apoio a transexuais. Ela estava no viaduto da BR-050, realizando um trabalho de entrega de preservativos para transexuais que fazem programas e também atua como garota de programa na região. A Associação divulgou uma nota de repúdio a agressão.
“Queremos destacar que tal atitude é incompreensível colocando-a no lugar de qualquer ser humano, pois independente da sua raça, cor da pele, gênero, credo, posição social, expressão ou identidade de gênero, corpo ou quaisquer deficiência: todo ser humano merece ser respeitado e tratado da mesma forma. Mas sim, existem ‘privilegiados’ que muitas vezes não sabe o que é conviver com o preconceito. Viver com os olhares de julgamento, as palavras ofensivas, as atitudes perturbadoras, as agressões que muitas vezes vem da própria família e as vezes inflingida todos os dias pela sociedade, isto, quando não temos a ocorrência de morte ou suicídio. Tudo porque você nasceu ou se sente bem em ser quem é”, escreveu a associação.
Agressor se apresentou à polícia
O projetista autônomo, Lucas Felipe Moura, de 23 anos, se apresentou na tarde desta sexta-feira (22), à Polícia Civil de Uberlândia junto ao seu advogado. Ele depôs e foi intimado a comparecer em audiência.
Segundo o advogado do agressor, Wisley Cill-Farney Martins Soares, Lucas tinha interesse de se apresentar e esclarecer sobre o ocorrido um dia após a agressão. Ele pediu desculpas à comunidade LGBTQIAP+ e à Luara Silva.
“Aproveito para, em nome dele, pedir desculpas à toda a comunidade LGBTQAP+. Aqueles 30 segundos de inflexão da consciência humana que podem ter essas consequências tristes e desastrosas, mas que ele demonstrou a todo momento a sua intenção de colaborar. Em nenhum momento ele quis feri-la. Ele deseja se desculpar pessoalmente com ela, sinceramente”, disse o Soares.
A defesa ainda informou que tanto Lucas quanto os amigos que gravaram as cenas haviam ingerido bebida alcóolica. O jovem não será preso e deverá comparecer à audiência de forma virtual, junto com a vítima para que os fatos possam ser esclarecidos e a situação seja resolvida.
“Ele prestou depoimento, é um procedimento de juizado especial criminal. As partes já saem intimadas para uma audiência que vai acontecer em meados de abril e as partes podem, eventualmente, se conciliarem”, concluiu o advogado.