De drone para contar boi a aplicativos conselheiros: tecnologia avança no campo
e combate até roubos
Projetos de conectividade e ferramentas digitais tornam a agricultura mais
eficiente, segura e sustentável. O DE foi até Caconde (SP), para ver de perto
essa transformação.
Drone de pulverização resolve falta de mão de obra nos cafezais
Robôs que colhem frutas ou substituem trabalhadores ainda não chegaram às
lavouras brasileiras. Mas a tecnologia já começa a mudar a rotina no campo.
Drones, aplicativos e sensores estão ajudando produtores a enfrentar problemas
antigos, como a pulverização em áreas íngremes, a falta de técnicos para
orientar o dia a dia e até os roubos de animais.
Tudo isso só é possível com internet na lavoura. Contudo, apenas 35% das áreas
produtivas têm conexão 4G e 5G, aponta o levantamento da Associação ConectarAGRO
em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Para mudar este cenário, o projeto Semear Digital, encabeçado pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), busca levar conectividade a
algumas cidades rurais do Brasil, além de apresentar tecnologias para a
população. Confira mais abaixo.
Esta reportagem faz parte do quarto episódio da série “PF: Prato do Futuro,
onde o DE mostra soluções para desafios da produção de
alimentos no Brasil.
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DRONES NA LAVOURA
Uma das tecnologias levadas pela Embrapa a Caconde foi o drone de
pulverização. Ele aplica defensivos agrícolas (agrotóxicos ou biológicos) e
fertilizantes.
Em Caconde, o drone foi essencial por causa do relevo. A cidade tem montanhas
com cerca de 45 graus de inclinação. Isso tornava o trabalho manual difícil,
considerando também que os equipamentos são pesados. Além disso, o declive
impede a entrada de maquinários.
Somado ao drone, o Semear Digital ajudou a instalar uma fábrica de defensivos
biológicos no Sindicato Rural de Caconde. Isso permitiu aos produtores de café trocar os
agrotóxicos por alternativas mais sustentáveis.
“A gente não tem mais a jornada exaustiva do trabalhador, não tem mais essa
exposição química do trabalhador junto a esses produtos toxicológicos. Tem a
questão da preservação ambiental, de não contaminar as águas”, diz Ademar
Pereira, presidente do Sindicato Rural de Caconde.
Porém, essa tecnologia é cara: cada kit com três baterias, uma estação de
recarga e o drone custou R$ 135 mil para o sindicato. Em Caconde, os produtores
se revezam no uso do equipamento.
Mas, segundo Pereira, valeu a pena. Com o drone, ficou mais fácil controlar
pragas no tempo certo, o que melhorou a produção e a qualidade do café.