Polícia investiga contratos de venda e locação de imóveis de socialite que acusa ex-motorista de cárcere privado
Família questiona a venda de mansão em São Conrado e aluguel de um estacionamento no Centro. Nos dois casos, Regina alega não ter recebido o dinheiro.
A socialite Regina Lemos Gonçalves e o ex-motorista José Marcos Chaves
Ribeiro. — Foto: Reprodução/TV Globo
A investigação da 12ª DP (Copacabana) sobre os danos ao patrimônio da socialite Regina Lemos Gonçalves vai apurar as negociações de pelo menos dois imóveis em nome dela.
Há a suspeita de venda abaixo do preço de mercado de uma casa em São Conrado e possíveis irregularidades na locação de um espaço hoje utilizado como um estacionamento no Centro do Rio. Nos dois casos, Regina alega não ter recebido o dinheiro.
José Marcos Chaves Ribeiro, ex-motorista de Regina, que está foragido acusado de tê-la mantido em cárcere privado, é suspeito de ter atuado nos dois negócios, além de deixar zeradas as contas da socialite, segundo a polícia.
Disque Denúncia divulgou cartaz pedindo informações sobre o paradeiro de José Marcos Chaves Ribeiro. — Foto: Divulgação/ Disque Denúncia
A própria Regina ainda será ouvida no inquérito que investiga se uma organização criminosa participou da dilapidação do patrimônio dela, com participação de José Marcos e outros investigados, incluindo ex-advogados da socialite.
Em janeiro, Regina fugiu de um apartamento no luxuoso Edifício Chopin, vizinho do Copacabana Palace, e denunciou que o ex-motorista a mantinha em cárcere privado, controlando tudo dela, inclusive o dinheiro. O caso foi denunciado pelo Fantástico em abril.
O Ministério Público denunciou José Marcos por tentativa de feminicídio, crime contra a liberdade pessoal e contra o patrimônio. A Justiça aceitou a denúncia e determinou que, além de José Marcos, outras oito pessoas mantenham distância de no mínimo 500 metros de Dona Regina e seus familiares, incluindo três ex-advogados dela.
CASA COM VENDA SOB SUSPEITA
A venda de uma casa na Rua Capuri, em São Conrado, é uma das negociações sob investigação. De acordo com advogados da família, a mansão foi vendida por um preço quase cinco vezes abaixo do valor de mercado.
**Estacionamento**
Estacionamento fica em imóvel reclamado por Regina, que alega não ter recebido valores de aluguel — Foto: Henrique Coelho/g1
A locação de um estacionamento que pertence à empresa Rotsen Imobiliária, que foi herdada por Regina após a morte do marido Nestor Gonçalves, se tornou um processo que corre atualmente na 3ª Vara Cível da Capital. O processo pede o despejo dos locatários por falta de pagamento.
O g1 foi até o local, que não aceita pagamento em cartão e funciona como estacionamento e lava-jato. O valor pago é de R$ 300 para deixar o carro 24 horas no local, e R$ 20 para pagar o período de 12 horas.
No entanto, a partir de 2018, o pagamento deixou de ser feito pelos locatários, como consta no processo ao qual o g1 teve acesso. A dívida é calculada em R$ 1,9 milhão.
**Justiça designa curador para Regina, que protesta**
Em decisão da última quinta-feira (5), a 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca da Capital determinou que o escritório de direito Matuch de Carvalho seja responsável pela curadoria do patrimônio de Regina.
Segundo a Justiça, ela está interditada (impedida de tomar as próprias decisões), e caberá ao curador dativo (escolhido pela Justiça) providenciar uma avaliação médica, atender à idosa e cuidar de sua situação patrimonial e bancária.
O g1 entrou em contato com o advogado Thiago Miceli Duarte, que não respondeu.
Procurada, Regina disse que recusou a visita do curador designado pela Justiça: “Não quero receber ninguém, meu patrimônio será administrado por mim e por advogados que eu escolha, da minha confiança.”
Ao chegar ao edifício Chopin, no dia 29 de novembro, Julio Matuch e sua equipe não tiveram entrada permitida no apartamento da socialite.