Três suspeitos de envolvimento com TH Joias vão para presídio federal, decide
Justiça Federal
DE e MPF pediram que o delegado Gustavo Stteel também fosse cumprir a prisão
preventiva em unidade federal, mas o desembargador não determinou a ida.
Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão e Thiego Raimundo Oliveira Santos,
oTH Joias — Foto: Reprodução
O desembargador Macario Ramos Judice Neto, do Tribunal Regional Federal (TRF),
da 2ª Região (Rio e Espírito Santo), decidiu que três suspeitos de envolvimento
com Thiego Raimundo Oliveira Santos, o TH Joias, devem ficar presos em uma
penitenciária federal.
São eles:
* o traficante Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão;
* o assessor de TH Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu;
* e o traficante Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, que é considerado foragido.
A decisão atendeu a pedidos da Polícia Federal e do Ministério Público
Federal. Para o desembargador Macario, a medida é por tempo indeterminado e se faz “necessária”.
TH Joias foi preso em operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (3).
Ele responde a dois processos convergentes. Um da Justiça Federal em uma ação da
PF e do MPF e outro da Justiça estadual também com a Polícia Federal junto com a
Polícia Civil e o Ministério Público estadual.
Luciano Martiniano da Silva, Pezão, traficante do Complexo do Alemão —
Foto: Reprodução
As investigações da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE), da Polícia
Federal e do MPF apontam a atuação do trio em favor da facção criminosa Comando
Vermelho.
Em seu relatório, a PF justificou a ida do trio para a penitenciária federal
informando a proximidade do trio com a facção:
No caso concreto, restou fartamente demonstrado que os investigados, em
especial aqueles vinculados à liderança da facção e ao núcleo institucional
corrompido, possuem elevado grau de periculosidade, capacidade de articulação
extramuros e, sobretudo, histórico de interferência direta e indireta na
administração da Justiça, seja por meio de coação, corrupção sistêmica de
agentes públicos ou repasse de informações privilegiadas, tudo voltado à
perpetuação e expansão da atividade criminosa.
O que a PF e o MPF descobriram sobre cada um dos suspeitos:
* Índio – Traficante da favela do Lixão, em Duque de Caxias. É apontado como
principal responsável pela negociação de armas e drogas para o Comando
Vermelho, e elo fundamental entre as lideranças da facção e o braço político;
* Dudu – Assessor de TH Joias, é responsável pela logística de importação e
entrega de equipamentos como bazucas e antidrones para traficantes do Comando
Vermelho, além de alertas aos criminosos sobre operações policiais sigilosas,
permitindo e colaborando com fugas de traficantes;
* Pezão – Apontado como chefe da facção Comando Vermelho e responsável pelo
planejamento e execução de diversas ações criminosas de grande vulto devido a
sua periculosidade e capacidade de articulação.
No caso de Dudu, o MPF discordou da PF sobre a necessidade de enviá-lo para
presídio federal. A PF entendeu diferente. Junto com TH Joias, segundo a PF, ele
teria vendido aparelhos antidrone para o Comando Vermelho e ao Terceiro Comando
Puro com lucros superiores a R$ 200 mil.
As investigações mostram que Dudu seria o principal contato com os traficantes
Índio (Comando Vermelho) e Lacoste (Terceiro Comando) viabilizando assim,
segundo a PF, a comercialização de drogas e armas para as duas facções.
Suspeito de vender ‘antidrone’ ao tráfico, TH Joias discutiu uso de drones por
criminosos
Dudu foi assessor do deputado TH Joias até agosto de 2024. Dudu também atuou
para a nomeação da mulher de Índio, Fernanda Ferreira Castro para uma vaga na
Alerj. Ele ainda passou a Índio informações sobre operações policiais.
DELEGADO FEDERAL EM PRESÍDIO DO RJ
A Polícia Federal solicitou à Justiça que o delegado federal Gustavo Stteel
fosse transferido para uma penitenciária federal. O desembargador Macário Ramos
determinou o afastamento de Stteel do cargo e a manutenção numa unidade
prisional no Rio de Janeiro.
Após a prisão, o delegado foi levado para o presídio Constantino Cokotós, em
Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A unidade é destinada a policiais e
ex-policiais presos.
As investigações mostraram que Stteel acessou o sistema da polícia para
pesquisar se havia investigações contra Dudu ou Índio. Stteel ainda fez um
“levantamento detalhado de dados pessoais, imagens e informações” do delegado da
Polícia Federal Samuel Fayad, da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE) e
responsável pela investigação.
Delegado federal Gustavo Stteel — Foto: Reprodução
A PF descobriu que uma foto do policial foi enviada por Dudu a Índio. Para o
desembargador Macário, a ação colocou em risco a investigação e mostrou
articulação de Dudu com o crime.
A defesa de Thiego Raimundo da Silva, o TH Joias divulgou uma nota:
“A defesa do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva considera
absurdas as acusações que vêm sendo reiteradas contra ele. Trata-se de uma
repetição de fatos já explorados anteriormente, em claro movimento de
perseguição política a um representante legítimo do povo do Rio de Janeiro.
Até o presente momento, a defesa não teve acesso integral aos autos, o que
evidencia a violação do direito constitucional ao contraditório e à ampla
defesa. Reafirmamos nosso compromisso em esclarecer todos os pontos e demonstrar
a total inocência do deputado”.