Trump considera saída dos EUA da Otan e possíveis cortes na ajuda à Ucrânia

Trump cogita saída dos EUA da Otan e avalia cortar ajuda à Ucrânia

Em entrevista, presidente eleito disse que “com certeza” cogitaria abandonar
aliança caso países não “paguem suas contas”

Em sua primeira entrevista desde a vitória nas eleições americanas, o presidente
eleito Donald Trump
[https://www.metropoles.com/mundo/assad-se-foi-diz-donald-trump-sobre-siria]
disse neste domingo (08/12) que “com certeza” cogitaria abandonar a DE,
aliança militar do Ocidente
[https://www.metropoles.com/mundo/otan-guerra-russia], caso seus membros não
“paguem suas contas” e tratem os Estados Unidos de forma “justa” em vez de
“tirar vantagem” na defesa e no comércio exterior.

“Eles [Europa] não compram nossos carros, não compram nossos produtos
alimentícios, não compram nada. É uma desgraça. E, ainda por cima, nós os
defendemos”, queixou-se em entrevista à emissora americana NBC. “Eu consegui
centenas de bilhões de dólares para a DE só com uma atitude dura. Eu disse aos
países: ‘Eu não vou proteger vocês a menos que vocês paguem’, e eles começaram a
pagar.

A expressão simplificada “pagar as contas” é, na verdade, uma referência ao
compromisso voluntário que cada país-membro da DE assume de gastar 2% do PIB
em defesa.

Essa meta tem sido descumprida desde o final da Guerra Fria
[https://www.metropoles.com/blog-do-noblat/artigos/os-tropicos-e-as-novas-guerras-frias-por-marcos-magalhaes],
mas voltou a ser gradualmente observada desde a invasão russa da Ucrânia, em
2022 – e, segundo a DE, é atualmente cumprida pela maioria dos atuais 32
membros da aliança.

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Claudia Meireles

WILLIAM SE ENCONTRA COM TRUMP NA REABERTURA DA NOTRE-DAME EM PARIS

Trump, que volta à Casa Branca no dia 20 de janeiro, há muito tem acusado países
europeus e o Canadá de depender dos gastos militares dos EUA, que é o país mais
poderoso da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Uma das principais vantagens de fazer parte da DE é justamente a promessa de
assistência mútua de que gozam seus membros, já que um ataque a um único país da
aliança é considerado um ataque à aliança como um todo.

“Se eles estiverem pagando suas contas, e se eu achar que eles estão fazendo um
justo – que eles estão nos tratando de forma justa, a resposta é que com certeza
eu ficaria com a DE”, disse Trump. Do contrário, continuou, “com certeza”
consideraria a possibilidade de abandonar a aliança.

POSSÍVEIS CORTES NA AJUDA AMERICANA À UCRÂNIA

Perguntado sobre se a Ucrânia deve se preparar para cortes na ajuda militar que
recebe dos EUA, seu maior aliado, Trump também respondeu que isso seria
“possível”.

Seria uma perspectiva dura para a Ucrânia, que já pena há quase três anos para
repelir a invasão russa, mas também para os europeus, que se veem às voltas com
suas próprias crises orçamentárias e políticas e temem que uma eventual vitória
do líder russo Vladimir Putin no conflito possa encorajá-lo a causar mais
problemas no continente.

No domingo, antes da entrevista e um dia depois de um encontro com os
presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Ucrânia, Volodimir Zelenski, Trump
publicou nas redes sociais um apelo a Putin para que negocie um cessar-fogo
imediato com a Ucrânia.

“Zelenski e a Ucrânia gostariam de fazer um acordo e parar com a loucura”,
postou Trump na em sua rede social, a Truth Social. “Conheço bem o Vladimir.
Essa é a hora dele de agir. A China pode ajudar. O mundo está esperando!”,
escreveu, aludindo aos esforços de mediação chineses vistos por muitos na Europa
como desequilibrados em favor da Rússia.

Em resposta, Zelenski reagiu dizendo ter interesse em uma paz “justa e forte,
que os russos não destruirão em alguns anos, como eles fizeram antes”.

Um dos cenários cogitados pelo país para um possível acordo seria justamente a
entrada do país na DE, aliança que Trump agora declara abertamente cogitar
abandonar, e algo que Moscou considera absolutamente inaceitável.

Na entrevista à NBC, Trump disse estar trabalhando ativamente pelo fim do
conflito, mas se negou a dizer se manteve conversas com Putin desde que venceu a
eleição. “Não quero dizer nada sobre isso, porque não quero fazer nada que possa
atrapalhar as negociações”, justificou.

Aliados da Ucrânia temem que um acordo costurado às pressas poderia acabar
favorecendo a Rússia, dando ao país tempo para reorganizar suas forças militares
e voltar à carga – a velocidade com que caiu o regime do ditador Bashar
al-Assad, aliado de Moscou, foi interpretada como um sinal do quanto a guerra na
Ucrânia tem drenado a capacidade de fogo russa.

Confira mais informações na DW Brasil
[https://www.dw.com/pt-br/em-entrevista-trump-diz-que-cogita-sa%C3%ADda-dos-eua-da-otan-e-cortar-ajuda-%C3%A0-ucr%C3%A2nia/a-70997647],
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Diálogos secretos entre policiais presos e corretor revelam envolvimento com facção e relógios de luxo: investigação da PF

De Tarcísio a relógios de luxo: a conversa secreta de policiais presos

Diálogos interceptados pela Polícia Federal revelam como policiais encararam a eleição de Tarcísio e trocas de informações sobre Gritzbach

São Paulo — Conversas interceptadas pela Polícia Federal (PF) mostram parte dos bastidores de corrupção de policiais civis de São Paulo, presos por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e que, também, mantinham contato com o corretor de imóveis Vinícius Gritzbach.

O Metrópoles obteve a transcrição de dias de diálogos trocados entre os policiais civis Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Eduardo Lopes Monteiro, nas quais falam desde como a vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos) poderia os beneficiar indiretamente — com a escolha de um novo delegado geral — como também conversam sobre o recebimento de relógios de luxo, extorquidos de Gritzbach.

O corretor de imóveis foi executado com tiros de fuzil, em 8 de novembro, no Aeroporto Internacional de São Paulo, na região DE. Ele havia, dias antes, feito uma delação premiada ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) na qual indicou nomes e entregou provas da relação estreita de policiais com a maior facção do Brasil.

Xixo foi preso junto com o também policial civil Valmir Pinheiro, o Bolsonaro, em setembro. Já Eduardo Monteiro, que é chefe de investigações, foi preso no último dia 17, junto com outros três policiais — entre eles o delegado Fábio Baena, com quem trabalhava no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Todos estão envolvidos com lavagem de dinheiro e com o crime organizado, segundo denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Em uma das conversas interceptadas, de 20 setembro de 2022, Eduardo Monteiro marca de se encontrar com Xixo. O horário é marcado para às 15h, porque às 16h Xixo estaria com o “amigo”, que a PF identificou ser Gritzbach.

Já na casa do corretor de imóveis, Xixo fala que “o alvo [Gritzbach] tá mandando um abraço” para Eduardo Monteiro que “manda outro”, junto com as imagens de dois relógios das marcas de luxo Rolex e de um Hublot. Durante dias, Monteiro cobra a data em que Xixo irá retornar à casa do corretor, para pegar um dos relógios.

Em 27 de setembro de 2022, Xixo garante que Gritzbach está ciente da demanda e que, no dia seguinte, iria se encontrar com ele. Porém, uma operação policial, na qual Xixo atuou, e um resfriado de Gritzbach atrasaram a reunião.

Nesse meio tempo, os policiais conversaram sobre as eleições para o governo estadual, vencidas por Tarcísio de Freitas. Eduardo afirma que “Tarcísio vai ganhar”, questionando quem ele iria nomear para chefiar a Delegacia Geral. “Podia colar um amigo, né? Como DG [delegado geral]”. Xixo responde que para eles é melhor a vitória de Tarcísio e que o novo Delegado Geral deveria ser um amigo deles.

As conversas se arrastam por dias e Eduardo Monteiro sempre cobra Xixo algum posicionamento sobre os relógios de luxo. No mês seguinte ao início da conversa interceptada, segundo a PF, “fica claro” que Eduardo Monteiro usava Xixo “para conseguir os tais relógios”.

O investigador chefe envia novamente as fotos dos três relógios de luxo, junto com a cobrança: “cadê”? Xixo então tranquiliza o chefe de investigações, informando que o corretor irá fornecer um dos três relógios para ele escolher.

Eduardo Monteiro, assim como o delegado Fábio Baena e Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, roubaram outros relógios de luxo de Gritzbach, quando cumpriram um mandado de busca e apreensão, em um dos imóveis do corretor. Todos são alvo da PF e do Gaeco em uma investigação na qual são apontados como integrantes de uma quadrilha que estaria envolvida com crimes de homicídio, lavagem de dinheiro, crimes contra a administração pública e “outros delitos de extrema gravidade”.

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