O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estabeleceu um prazo de duas semanas para decidir se o país vai intervir militarmente contra o Irã. A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 20, pela secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, em meio à escalada do conflito entre iranianos e israelenses.

A declaração de Trump foi feita no mesmo dia em que o Hospital Soroka, um dos mais importantes de Israel, foi atingido por um míssil iraniano. Em resposta, o Exército de Israel anunciou ataques a instalações nucleares no Irã, incluindo locais em Natanz, Arak e Visfahan. Em Arak, foi atingido um reator nuclear inativo.

Segundo Leavitt, apesar da tensão, Washington ainda mantém negociações com Teerã. “Com base no fato de que há uma chance substancial de negociações que podem ou não ocorrer com o Irã em um futuro próximo, tomarei minha decisão nas próximas duas semanas”, disse Trump, em nota transmitida pela porta-voz.

De acordo com a Casa Branca, o Irã poderia fabricar armamentos nucleares em até 15 dias, caso autorizado pelo aiatolá Ali Khamenei. Os Estados Unidos são os únicos que detêm a bomba GBU-57, com alto poder destrutivo.

Bombardeio ao hospital em Israel

O ataque ao Hospital Soroka, localizado em Beerseba, aconteceu por volta das 7h da manhã e deixou cerca de 40 feridos. O impacto do míssil destruiu janelas, tetos e parte da estrutura interna do prédio. O local é referência no tratamento de câncer no sul de Israel, atendendo cerca de um milhão de pessoas.

O diretor do hospital, Shlomi Codish, confirmou que o prédio atingido estava vazio, pois havia sido evacuado dias antes do ataque. Segundo ele, os setores mais expostos vinham sendo transferidos desde o início da guerra, no dia 13 de junho. “Foi um milagre”, afirmou Kevin Azoulay, funcionário da manutenção.

Apesar da evacuação, alguns pacientes em estado grave, como idosos e pessoas com câncer, continuaram no hospital e não puderam ser transferidos. “É muito chocante que um centro médico tenha sido alvo de um ataque”, declarou o subdiretor e chefe da emergência, Dan Schwarzfuchs.

Ataques a instalações nucleares no Irã

Em resposta ao bombardeio do hospital, Israel anunciou ter destruído uma instalação de desenvolvimento de armas nucleares em Natanz e um reator inativo em Arak, incluindo a estrutura central usada na produção de plutônio. Outro alvo foi o Centro de Pesquisas de Teerã, onde seriam produzidos rotores para centrífugas avançadas, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

O governo iraniano acusou a AIEA de “traição”, após declarações do diretor da agência, Rafael Grossi, que disse que o Irã está enriquecendo urânio em níveis próximos aos militares. “Vocês traíram o regime de não proliferação”, escreveu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmaeil Baqaei, na rede X.

Reações internacionais e tensão diplomática

O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, afirmou que o país “nunca vai se render” às pressões de Israel ou dos Estados Unidos. “A nação iraniana se opõe firmemente a uma guerra imposta, assim como a uma paz imposta”, declarou.

Trump, por sua vez, adotou tom enigmático ao sugerir a possibilidade de entrada dos EUA no conflito, e posteriormente pediu a “rendição incondicional” do Irã. O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para as “enormes consequências” de qualquer nova intervenção militar na região.

O presidente russo, Vladimir Putin, se ofereceu para mediar o conflito, mas Trump rejeitou a proposta. “Vladimir, vamos mediar com a Rússia primeiro. Você pode se preocupar com isso depois”, ironizou o presidente americano, referindo-se à guerra entre Rússia e Ucrânia.

Mísseis hipersônicos e ofensiva iraniana

A agência estatal iraniana IRNA afirmou que o Irã lançou mísseis hipersônicos contra Israel, que teriam conseguido atravessar as defesas israelenses. A escalada dos ataques, com ambos os lados confirmando ofensivas, levanta preocupações sobre o avanço para uma guerra regional de grandes proporções.