Entenda o que é o “out put” de Trump
Após queda no mercado de ações e disparada de títulos do Tesouro, presidente dos
EUA suavizou retórica
A retórica de Donald Trump vinha colocando dúvidas sobre os investidores. As
bolsas globais acompanhavam a queda dos ativos norte-americanos, que amargavam
com os ataques do presidente ao Federal Reserve (Fed) e em meio à crescente
tensão comercial entre os Estados Unidos e a China.
Instituições financeiras, como o JPMorgan, viram crescer a probabilidade de uma
recessão no país. Enquanto isso, os índices da bolsa de Nova York caíam fortemente.
O que também mexeu com a imagem da economia dos EUA foi a disparada dos títulos
norte-americanos. Tidos como ativos de segurança, os Treasuries foram vendidos em massa após o
tarifaço anunciado por Trump no começo de abril.
A saúde do mercado de títulos reflete a confiança que aquele país passa. Mas após esses movimentos, Trump parece ter começado a recuar — o que já tem
refletido no mercado — ao enfim ter encontrado seu out put — um fator, um nível de queda da bolsa que
levaria Trump a voltar atrás.
GUERRA COMERCIAL
No dia 2 de abril, o presidente dos EUA anunciou tarifas “recíprocas”
e abrangentes sobre os produtos de seus parceiros comerciais.
Na ocasião, foi aplicada uma tarifa de 34% sobre a China, que respondeu com
outra de mesma magnitude. No caso dos EUA, considerando taxas que Trump já havia colocado em vigor
anteriormente, a alíquota chegaria a 54%.
Os dois lados escalaram a situação
até tecnicamente inviabilizar a conversa entre os dois lados. No momento, os EUA
estão aplicando uma tarifa de 145% sobre a China,
enquanto os chineses uma de 125%.
Na semana passada, Trump afirmou que estava em diálogo com a China, dizendo
acreditar que os EUA fechariam um acordo com o país asiático.
Já na terça-feira (22), Trump disse que as tarifas não ficaram nada próximas do
tual patamar de 145%, reiterando sua crença de que as partes fechariam um acordo positivo.
FEDERAL RESERVE
Outra sinalização de Trump que vinha incomodando os investidores era a de uma
possível intervenção no banco central dos EUA, o Federal Reserve (Fed).
Mas de uma semana para outra, o presidente dos EUA mudou sua retórica de “se eu
pedir, ele vai embora. […] Se eu quiser que ele saia, ele vai sair rapidinho”
para “não tenho intenção de demitir”
Jerome Powell, o chair do Fed.
Apesar de manter sua posição de que o BC dos EUA deveria derrubar os juros e
agir mais rápido na suavização da política monetária, a flexibilização na
retórica de Trump já foi suficiente para melhorar os ânimos no mercado.