O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu no sábado, 25, que os moradores da Faixa de Gaza deixem a região para que seja feita uma “limpeza”. Trump defendeu que Egito e Jordânia recebam os palestinos que poderiam ser retirados provisoriamente da área.
“É literalmente um local de demolição, quase tudo foi demolido e as pessoas estão morrendo lá. Então, eu preferiria me envolver com algumas das nações árabes e construir moradia em outro local onde elas possam talvez viver em paz, pelo menos por um tempo,” disse Trump durante uma entrevista a jornalistas no avião presidencial.
Quando questionado se a medida sugerida é temporária ou definitiva, Trump afirmou: “Pode ser qualquer uma das duas.” “Estamos falando de um milhão e meio de pessoas, e nós apenas limpamos tudo isso,” acrescentou.
Conflito e crise humanitária em Gaza
A Faixa de Gaza foi amplamente destruída por causa da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que começou em outubro de 2023. O conflito gerou uma crise humanitária no território e deixou mais de 40 mil mortos.
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, recebeu com satisfação o plano de Trump de remover temporariamente os palestinos de Gaza, chamando-o de uma “excelente ideia”. No entanto, a Jihad Islâmica Palestina opinou que o projeto poderá “incentivar crimes de guerra”.
Bassem Naim, alto funcionário do Hamas, afirmou em uma entrevista à AFP que é contra a proposta de Trump de reassentar os moradores de Gaza no Egito e na Jordânia. “Assim como eles frustraram todos os planos de deslocamento e pátrias alternativas ao longo das décadas, nosso povo frustrará esses planos também desta vez,” disse.
Trump conversou com o rei Abdullah da Jordânia neste sábado e deve discutir o assunto com o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi pelo telefone no domingo (26). Trump também afirmou que liberou para Israel bombas de 2.000 libras que haviam sido retidas por seu antecessor, Joe Biden, devido à preocupação com o impacto que elas poderiam ter sobre a população civil da Faixa de Gaza.
Até o ano passado, os Estados Unidos afirmavam ser contra o deslocamento forçado de palestinos. O então presidente Joe Biden defendia a criação do Estado da Palestina e um acordo para convivência pacífica com Israel. As falas de Trump levantam preocupações sobre uma saída generalizada de palestinos da Faixa de Gaza, o que poderia resultar no “apagamento” do grupo na região e enfraquecer a proposta para a criação do Estado da Palestina.