Túmulo de Madame Satã: Iphan avalia tombamento de figura icônica LGBTQIAP+

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O túmulo de João Francisco dos Santos, também conhecido como Madame Satã, está passando por um processo que pode resultar no seu tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Nascido em Pernambuco e tornando-se uma figura mítica e temida na boemia da Lapa, no Rio de Janeiro, Madame Satã foi um malandro que desafiou normas sociais e fez história na primeira metade do século passado, sendo reconhecido como uma importante personalidade da comunidade LGBTQIAP+.

Madame Satã, que utilizava esse nome artístico em apresentações em cabarés e teatros do Rio de Janeiro, foi muito além de uma figura folclórica. Ele foi responsável por concursos de fantasia, nocautes e até mesmo pela morte do compositor Geraldo Pereira. Passou grande parte da sua vida em um presídio na Ilha Grande, onde acabou sendo sepultado em 1976. Atualmente, o Iphan está avaliando o processo de tombamento do seu túmulo, reconhecendo a importância histórica desse personagem controverso.

A iniciativa de tombamento partiu do turismólogo Baltazar de Almeida, que deseja criar um roteiro turístico chamado “Madame Satã para sempre” na Ilha Grande. Além do túmulo, o roteiro incluiria locais importantes na vida de Madame Satã, como as ruínas do presídio e a praça onde ele celebrava o carnaval. Essa proposta inovadora busca valorizar a história de Madame Satã e atrair turistas interessados na diversidade cultural e no afroturismo.

Madame Satã, considerado uma pioneira travesti nos cabarés da Lapa, desperta diferentes interpretações dentro da comunidade trans e travesti. Sua figura desafiou normas de gênero e sua vida tumultuada foi marcada por processos criminais e uma morte precoce. No entanto, ele também foi lembrado por sua bondade e generosidade, especialmente na Ilha Grande, onde se destacou por suas habilidades culinárias e alegria no carnaval.

A possibilidade de tombamento do túmulo de Madame Satã pelo Iphan coloca em evidência a importância de preservar a memória de figuras controversas e influentes na história brasileira. O legado de João Francisco dos Santos, que desafiou padrões sociais e culturais em sua época, é um exemplo de como a diversidade e a luta por direitos podem ser trazidas à tona através do reconhecimento patrimonial.

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