Morte de turistas no Ceará pode ter ligação com atividades ilegais na fronteira
com o Paraguai, aponta investigação
O Ministério Público denunciou quatro homens pelo duplo homicídio, que ocorreu
no dia 1º de abril deste ano.
Renato Faria de Azeredo (à esquerda), 34 anos, e André Luís Guellen (à
direita), 43 anos, foram mortos a tiros dentro de uma caminhonete na Praia do
Futuro, em Fortaleza, no dia 1º de abril deste ano.
A morte de dois turistas em uma caminhonete na Praia do Futuro, em Fortaleza, no dia 1º de
abril deste ano, pode ter ligação com atividades ilegais, de âmbito
transnacional, na fronteira do Brasil com o Paraguai desempenhadas pelas
vítimas, “o que atraíam riscos e inimigos”, segundo a investigação da Polícia
Civil do Ceará.
Renato Faria de Azeredo, 34 anos, natural do Rio de Janeiro, e André Luís
Guellen, conhecido como “Foguinho”, 43 anos, do Rio Grande do Sul, estavam a
passeio na capital cearense quando foram atacados após saírem de uma barraca de
praia.
A polícia apreendeu uma expressiva quantidade de joias em ouro e uma quantia de
dois mil guaranis (moeda do Paraguai) no veículo dos turistas, apontados como
agenciadores de apostas e proprietários de criação de galos e galinhas para exposição, reprodução e
rinhas (jogo ilegal com aves).
No dia 23 de abril o Ministério Público do Ceará denunciou quatro pernambucanos
pelos assassinatos, são eles: Gabriel Carlos do Nascimento Silva, 27 anos, Júlio
César do Nascimento, 37 anos, Ítalo Rafael Silva Santos, de 30 anos e Pablo
Lucas Simões Soares.
Conforme o órgão, os criminosos são responsáveis pelo duplo homicídio, cometido
por motivo torpe, para maximizar atividades criminosas, mediante recurso que
dificultou a defesa das vítimas e em circunstâncias que caracterizam emboscada.
Gabriel e Júlio César, que são primos, foram presos na cidade de Petrolândia
(PE), dias após o duplo homicídio. Ítalo Rafael foi capturado no dia 24 de abril,
na cidade de Indiaroba, em Sergipe, quando tentava fugir. Já Pablo, é procurado
pela polícia.
Ainda de acordo com a denúncia, os quatro homens premeditaram os assassinatos
das vítimas e vieram de Pernambuco só para cometer o crime.
“Pablo Lucas foi o responsável por reservar um quarto para três pessoas em um
hotel na Praia de Iracema, na capital cearense, onde ele, Gabriel e Júlio
César permaneceram hospedados entre os dias 29 de março a 1º de abril. Júlio César convidou Gabriel para participar da empreitada criminosa e deram
apoio no dia da execução. Além disso, os primos foram responsáveis por
receber Ítalo Rafael no Aeroporto Internacional de Fortaleza. Gabriel também foi o responsável por providenciar uma motocicleta e alugar um
carro que deu apoio na execução. Já Ítalo Rafael, veio de Recife e chegou em Fortaleza horas antes
dos assassinatos, ocasião em que foi recebido pelos seus comparsas, que
utilizaram o carro alugado por Gabriel. Em seguida, ele deslocou-se até a
Praia do Futuro em uma moto, interceptou o veículo dos dois turistas e
executou as vítimas.
“O crime foi premeditado e meticulosamente planejado e executado, ou seja,
ensejando a participação de quatro pessoas em atividades complexas e quase
cronometradas, o que torna a conduta ainda mais reprovável”, diz um trecho da
denúncia do Ministério Público.