Análise: Ucrânia expõe soldados capturados e acusa China de apoiar conflito
Combatentes estrangeiros têm participado da guerra desde o início. Colocar prisioneiros de guerra diante de repórteres e câmeras de notícias é quase, certamente, uma violação do direito internacional humanitário. Mas a Ucrânia claramente sentiu que qualquer dano à sua reputação ao fazer isso em uma entrevista coletiva esta semana, seria compensado pelo fato da reunião apresentar dois supostos combatentes capturados da China.
A China sempre alegou neutralidade na guerra da Rússia contra a Ucrânia e pede repetidamente a seus cidadãos que não se envolvam em conflitos estrangeiros. Mesmo assim, como um importante canal diplomático e econômico para Moscou, as ações de Pequim são observadas de perto em Kiev.
O presidente Volodymyr Zelensky afirmou que mais de 150 chineses lutam pela Rússia na Ucrânia. Ele ainda acusou a Rússia de recrutar soldados chineses “sistematicamente” e que chineses foram capturados lutando pela Rússia na Ucrânia. Trajados com uniformes de combate e respondendo a perguntas em mandarim, os prisioneiros de guerra eram vigiados por agentes de segurança ucranianos armados, enquanto um tradutor sentava-se ao lado deles.
Os homens contaram como os incentivos financeiros desempenharam um papel fundamental em suas histórias. Um deles afirmou estar procurando uma maneira de ganhar dinheiro após perder o emprego durante a pandemia do coronavírus. A perspectiva de ganhar 250 mil rublos (cerca de US$ 3.000) por mês na Rússia era mais que o dobro do que ele poderia esperar ganhar em casa.
Os documentos estavam somente em russo, que nenhum dos dois disse entender. Um deles relatou que se comunicava principalmente por sinais de mão. A CNN viu um contrato militar russo assinado por outro caça chinês, dando uma possível indicação do que os dois prisioneiros de guerra haviam combinado.
O papel dos combatentes estrangeiros nesta guerra tem sido evidente, com diversos prisioneiros não russos mantidos pela Ucrânia. Uma fonte da Inteligência de Defesa da Ucrânia disse que Moscou precisava de combatentes estrangeiros porque estava presa em uma guerra de atrito.
Desde o anúncio da captura dos chineses na semana passada, um interesse considerável tem se concentrado em como eles foram recrutados e se o governo chinês desempenhou algum papel ativo. A captura dos chineses levanta questionamentos sobre o envolvimento da China no conflito.
Kiev busca vantagem na batalha com Moscou pela atenção dos Estados Unidos, enquanto Washington concentra-se na China. O momento é importante para Zelensky, que procura mostrar que o apoio da China à Rússia pode ser mais do que diplomático e econômico. Pequim, por sua vez, insta as partes a compreenderem o seu papel e evitarem comentários irresponsáveis.