UFPE reserva vagas em Medicina para sem-terra e quilombolas: polêmica

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A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aplicará, em 5 de outubro, uma prova que selecionará 80 alunos para uma turma de Medicina formada exclusivamente por pessoas sem-terra e quilombolas. A iniciativa faz parte do Programa Nacional de Educação para Áreas da Reforma Agrária (Pronera) — existente desde 1998 para estimular a educação no campo. É a primeira vez que essa política pública oferta vagas em Medicina (os cursos em andamento, até então, eram em áreas como pedagogia da terra, direito, agronomia, engenharia agrícola, medicina veterinária e zootecnia).

Entidades médicas protestaram contra a criação de 80 vagas reservadas apenas para beneficiários do Pronera, que são: assentados, acampados cadastrados pelo INCRA, quilombolas, educadores do campo, egressos de cursos do INCRA, integrantes do Programa Nacional de Crédito Fundiário. Os órgãos como o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), o Sindicato dos Médicos, a Associação Médica de Pernambuco e a Academia Pernambucana de Medicina emitiram nota criticando a ação, alegando que fere os princípios da isonomia e do acesso universal.

A UFPE reforça que as vagas oferecidas pelo Pronera são extras e não interferem nas vagas disponíveis pelo Sisu. A instituição ressalta que a autonomia universitária permite definir o número de vagas, bem como a abertura de vagas supranumerárias, especialmente para políticas públicas específicas. Essa possibilidade também é prevista pelo Ministério da Educação (MEC).

O processo seletivo para as 80 vagas destina-se exclusivamente aos beneficiários do Pronera, com metade das vagas reservadas para cotas. As inscrições foram realizadas de 10 a 20 de setembro de 2025 e os candidatos deverão fazer uma prova de redação presencial no dia 5 de outubro. Os resultados serão divulgados a partir do dia 26 de setembro, com o início das aulas previsto para 20 de outubro de 2025 no campus da UFPE em Caruaru, em período integral.

Em meio às críticas e discussões sobre a isonomia no acesso à educação, a UFPE mantém sua decisão de abrir as vagas adicionais para beneficiários do Pronera. Essa iniciativa visa ampliar as oportunidades de ingresso à educação superior para pessoas que tradicionalmente enfrentam mais dificuldades nesse processo. Portanto, apesar das controvérsias, a universidade segue o cronograma estabelecido para selecionar os futuros estudantes de Medicina que farão parte desse projeto inovador.

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