Última rodada do Brasileirão 2024: Disputas emocionantes por título, Libertadores e rebaixamento

Muito além do título: veja o que está em jogo na última rodada do Brasileirão

Botafogo e Palmeiras disputam a taça, mas 10 jogos neste domingo vão definir vagas na Libertadores, Sul-Americana, briga contra o rebaixamento, artilharia e mais; confira um guia

Pela nona vez na história do Brasileirão por pontos corridos, a decisão do título ficou para a última rodada. Assim será neste domingo, com a disputa entre Botafogo, que recebe o São Paulo, e o Palmeiras, que pega o Fluminense. Nas a 38ª rodada da Série A de 2024 promete mais.

Desde 2003, quando o Campeonato Brasileiro adotou o atual formato, o campeão foi conhecido na última rodada em oito edições diferentes: 2004, 2005, 2008, 2009, 2010, 2011, 2020 e 2023. Nunca o time que ocupava a vice-liderança terminou com a taça.

Todos os jogos da 38ª rodada serão disputados neste domingo, às 16h (de Brasília)

Briga contra o rebaixamento: veja cenários da última rodada

Precisando de uma combinação pra ser campeão, Palmeiras já se conforma com o vice do Brasileirão

Simule os resultados da última rodada do Brasileirão

O Brasileirão definiu, até agora, os seus seis classificados que irão direto para a fase de grupos da Libertadores, mais um na fase prévia. Uma equipe está garantida na Sul-Americana, sem chances de ir ao outro torneio da Conmebol. Confira:

– Classificados à fase de grupos da Libertadores: Botafogo, Palmeiras, Flamengo, Internacional, Fortaleza, São Paulo

– Classificado à fase prévia da Libertadores: Corinthians

– Garantidos na Sul-Americana e brigam por Libertadores (uma vaga): Bahia, Cruzeiro e Vasco

– Classificado à Sul-Americana: Vitória

– Brigam pela Sul-Americana (três vagas): Grêmio, Juventude, Atlético-MG, Fluminense e Athletico-PR

– Lutam contra o rebaixamento (um cai): Atlético-MG, Fluminense, Athletico-PR e Bragantino

– Rebaixados: Criciúma, Atlético-GO e Cuiabá

Além do título, classificações aos torneios da Conmebol e briga contra o rebaixamento, a posição final do Brasileirão também rende uma premiação aos 16 que ficam para a Série A 2025. A última rodada é a chance para cada clube tentar melhorar seu posto e garantir um valor melhor.

Há ainda a briga pela artilharia, que neste ano vale o Troféu Roberto Dinamite e uma premiação em dinheiro ao líder (ou aos líderes) do ranking.

Veja um guia para a última rodada do Brasileirão 2024:

GRÊMIO X CORINTHIANS (ARENA DO GRÊMIO)

– O Grêmio precisa de um empate para se garantir na Sul-Americana
– Será a despedida de Pedro Geromel, ídolo do Grêmio. Depois de 11 anos no clube, o zagueiro irá se aposentar
– Yuri Alberto, do Corinthians, tenta se isolar na artilharia. Com 14 gols, ele lidera o ranking ao lado de Alerrandro, do Vitória. Com um gol, o atacante pode passar Pedro, do Flamengo, e terminar 2024 como artilheiro do Brasil no ano

ATLÉTICO-MG X ATHLETICO-PR (ARENA MRV)

– Os dois lutam contra o rebaixamento e seguem com chances de classificação à Sul-Americana

BAHIA X ATLÉTICO-GO (FONTE NOVA)

– Uma vitória garante o Bahia na fase prévia da Libertadores. O Tricolor não disputa o torneio continental desde 1989. O Dragão está rebaixado e tenta não terminar o Brasileirão na lanterna.

FLAMENGO X VITÓRIA (MARACANÃ)

– O Flamengo está garantido na fase de grupos da Libertadores e não sairá da terceira posição. O principal atrativo para a equipe carioca no Maracanã é a despedida de Gabigol.
– O Vitória escapou do rebaixamento e se assegurou na Sul-Americana de 2025. Com 14 gols, Alerrandro disputa a artilharia do Brasileirão e lidera o ranking no momento, ao lado de Yuri Alberto, do Corinthians.
– O Vitória ainda pode mirar outro objetivo: se garantir na terceira fase da Copa do Brasil 2025. Isso acontecerá se o time baiano terminar na nona posição, com um triunfo no Rio de Janeiro, desde que o Cruzeiro perca para o Juventude, e o Vasco não vença o Cuiabá.

BRAGANTINO X CRICIÚMA (NABI ABI CHEDID)

– O Bragantino joga pela permanência. Uma vitória garante a equipe na Série A de 2025. Empate ou triunfo do Criciúma rebaixa o time paulista

FORTALEZA X INTERNACIONAL (CASTELÃO)

– Fortaleza e Inter disputam ponto a ponto a quarta posição no Brasileirão, que rende uma premiação melhor.

CUIABÁ X VASCO (ARENA PANTANAL)

– É improvável, mas o Vasco ainda tem chance de ir à Libertadores. Tem que vencer o Cuiabá, torcer para o Cruzeiro não vencer o Juventude e por uma derrota do Bahia. Além disso, teria que tirar uma diferença de 12 gols de saldo para o Tricolor baiano.
– O Vasco está garantido na Sul-Americana e pode assegurar um lugar direto na terceira fase da Copa do Brasil 2025 se terminar o Brasileirão na nona posição. O Cuiabá está rebaixado e tenta não terminar na lanterna.

JUVENTUDE X CRUZEIRO (ALFREDO JACONI)

– O Juventude garantiu sua permanência e tenta confirmar a presença na próxima Sul-Americana. Seria sua segunda participação no torneio. O Cruzeiro disputa com o Bahia a última vaga na fase prévia da Libertadores. O time mineiro está um ponto atrás dos baianos.

BOTAFOGO X SÃO PAULO (NILTON SANTOS)

– O Botafogo precisa de um empate para ser campeão brasileiro, ou simplesmente que o Palmeiras não vença o Fluminense. O São Paulo não muda de posição e está garantido na fase de grupos da Libertadores

PALMEIRAS X FLUMINENSE (ALLIANZ PARQUE)

– O Palmeiras sonha com o título. Precisa vencer e torcer pela derrota do Botafogo contra o São Paulo.
– Com 13 gols, Estêvão briga pela artilharia do Brasileirão. Yuri Alberto (Corinthians) e Alerrandro (Vitória) lideram o ranking no momento.
– O Fluminense luta contra o rebaixamento. Uma vitória pode garantir classificação à Sul-Americana

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Por que a derrota do Botafogo no Catar deveria preocupar todo o futebol brasileiro? E o que isso revela sobre os problemas estruturais do esporte no país? Saiba mais aqui.

Todo o futebol brasileiro deveria se preocupar com a derrota do Botafogo no Catar. É natural que a rivalidade faça com que torcedores rivais se divirtam com derrotas como a que o Botafogo sofreu diante do Pachuca. Mas analisando mais profundamente o que aconteceu no Catar, ou mesmo nos dias e semanas prévios à viagem alvinegra para a Copa Intercontinental, o mais adequado seria dizer que qualquer torcedor brasileiro deveria se preocupar. Porque a maratona que contribuiu para que o Botafogo sucumbisse contra os mexicanos, em breve pode vitimar qualquer outro clube do país. A derrota escancara alguns dos mais graves problemas estruturais do futebol brasileiro.

Foi impossível olhar para o jogo e não pensar no calendário nacional. Se o Pachuca era um adversário pouco habitual de um clube brasileiro, a maratona a que times do país são submetidos antes de jogar algumas partidas de futebol não é. E o alvinegro foi a vítima da vez: a final da Libertadores, o jogo decisivo com o Internacional, o título brasileiro contra o São Paulo há três dias, as 15 horas de viagem, as noites mal dormidas, o fuso horário… Nada disso combina com uma preparação desejável para competir em alto nível.

O impacto do desgaste se revelou mais na forma como o Botafogo sucumbiu do que propriamente no fato de um time brasileiro não avançar numa competição com os campeões de outros continentes. Porque aí entra outro ponto importante a analisar. Este tipo de torneio, com formato similar ao que a Fifa adotava em seu Mundial de Clubes até o ano passado, termina por nos confrontar com uma dura realidade: os melhores times da América do Sul estão muito mais próximos dos campeões dos demais continentes do que dos campeões europeus.

Então, assistir a uma eliminação do vencedor da Libertadores diante de um representante das Américas do Norte ou Central, ou mesmo contra um asiático ou africano, já não deveria chocar. Desde 2012, quando o Corinthians bateu o Chelsea no último título mundial da América do Sul, os campeões da Libertadores não chegaram à final contra o Europeu em seis edições, ou seja, exatamente a metade das disputas desde então.

O fato é que, se a globalização concentra riqueza na Europa, tira do Brasil as grandes estrelas e aproxima as forças na periferia, também é verdade que o calendário brasileiro não ajuda os clubes daqui para enfrentamentos cada vez mais parelhos. Já é possível prever novos problemas em 2025. O calendário do ano que vem, desta vez discutido com os clubes, tem avanços. Antecipar para março o início do Brasileiro e empurrar parte dos Estaduais para o período da pré-temporada são acertos. No entanto, são as melhores e mais criativas soluções possíveis dentro de uma estrutura política que segue impondo as 16 datas dos Estaduais e um total de quase 80 compromissos às equipes brasileiras mais bem-sucedidas. Na quarta-feira, em Doha, um Botafogo com 75 jogos no ano enfrentava um Pachuca que fazia sua 49ª partida em 2024.

A necessidade de encaixar tantos jogos já criou um período delicado para junho de 2025, às vésperas do novo Mundial de Clubes, nos EUA. Há uma Data-Fifa inconveniente, marcada pela entidade internacional, terminando no dia 10, com um Brasil x Paraguai pelas eliminatórias. No dia 12, uma quinta-feira, há uma rodada do Campeonato Brasileiro e, três dias mais tarde, Botafogo e Palmeiras estreiam no Mundial. Ou seja, será preciso remanejar jogos da rodada do Brasileiro para uma Data-Fifa, ou submeter estes clubes a uma maratona similar à que fez o Botafogo: jogar no Brasil, fazer uma longa viagem e entrar em campo com pouquíssimo descanso para estrear no Mundial.

O novo torneio impõe outro risco, assumido em conjunto por CBF e clubes: há rodada do Brasileirão marcada para o dia da final do Mundial de Clubes. Ou seja, se um clube do país conseguir o feito de chegar à decisão, terá que adiar seu jogo pelo campeonato nacional. Para que o calendário tenha um recesso no meio do ano, durante o Mundial da Fifa, o Brasileirão terá que avançar até o dia 21 de dezembro – uma estrutura que a CBF pretende manter pelas próximas temporadas. Óbvio que é melhor parar o futebol doméstico durante os torneios internacionais de meio de ano. No entanto, como se joga um número absurdo de partidas no Brasil, outros problemas se criam. A Copa Intercontinental de 2025, caso aconteça, irá coincidir com algumas das seis rodadas do Campeonato Brasileiro previstas para dezembro.

A derrota para o Pachuca encerra uma grande temporada do Botafogo, a maior da história do clube. O alvinegro, além de oferecer ao país o melhor futebol jogado neste ano, também nos deu motivos para refletir. O futebol brasileiro precisa partir de vez para uma reforma estrutural. É possível obter avanços no calendário, mas o mundo ideal só será alcançado quando CBF e clubes romperem com uma estrutura política arcaica que sustenta Estaduais longos e impõe uma maratona desumana a times e jogadores. Isto se o futebol brasileiro quiser ajudar seus clubes a serem mais competitivos no cenário de um futebol global cada vez mais competitivo.

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