Não falta vontade, mas falta apoio. No começo do ano, Mariana disputou 6 etapas do circuito centro-oeste, e alcançou sua melhor marca no ranking nacional sub-16, chegou ao 4ª lugar. Contudo, sem dinheiro para bancar as viagens e altos custos que a prática diária do tênis gera, a jovem não conseguiu mais disputar campeonatos, e no ranking atualizado desta semana, caiu para a 12ª colocação.
A paixão pelo tênis começou aos nove anos. Influenciada por um amigo do pai, que lhe deu sua primeira raquete, Mariana começou a bater bola na parede de casa, para o desespero da mãe. Os pais, percebendo que a menina levava jeito, a inscreveram em aulas semanais, que logo passaram a não ser suficientes para desenvolver todo seu talento. Foi quando entrou em uma equipe e começou a disputar campeonatos regionais e nacionais que ela realmente cresceu.
O apoio financeiro e o desenvolvimento do atleta estão diretamente ligados. Por um lado Mariano precisa de dinheiro para pagar suas despesas e participar de campeonatos. Por outro, precisa estar bem ranqueada para chamar atenção de patrocinadores. Por enquanto Mariana conta com o patrocínio do governo do estado, através da bolsa Pró-Esporte, que às vezes demora a sair, prejudicando o calendário da atleta. “Quando libera ajuda demais, só que demora muito. Só ele também não dá, são muitas viagens”, lembra Mariana.
Em 1910, mulheres se uniram para estabelecer um dia de celebração da sua luta por direitos. Pensar que 108 anos depois, atletas como Mariana e muitas outras, precisam ouvir comentários como “mas o esporte feminino é mais lento que o masculino, é sem graça”. Ela não liga pra isso, sabe muito bem o seu papel e não cai na armadilha de comparações descabidas.
“É lógico que a velocidade é diferente, a força é diferente, só que você consegue chegar ao topo igual a eles. Se você tiver força de vontade, acho que todos conseguem,” diz a garota, de apenas 15 anos, e ainda reforça que a principal diferença entre o jogo feminino e o masculino está no estilo. “As mulheres preferem trocar mais bolas, fazer a adversária correr. O homem valoriza mais mudar o jogo, jogar uma bola curta, mudar o saque,” finaliza.
Dentro da quadra, Mariana se inspira no espanhol Rafael Nadal. “Desde pequena. A raça dele em querer ganhar os jogos, ele está passando por um momento difícil no jogo e tem a motivação de querer ganhar. Eu quero ter essa motivação em todos os jogos,” ela conta e explica que no tênis, com partidas que podem durar mais de quatro horas, a resiliência do atleta para não se abalar com momentos adversos é essencial.
Os próximos planos de Mariana dependem dos seus patrocínios. Líder do ranking goiano de tenistas da sua categoria, ela espera seu retorno financeiro para planejar o resto do calendário de 2018, só assim poderá recuperar suas posições no ranking nacional e continuar representando tão bem o estado de Goiás.