União de extremos: bolsonaristas se juntam ao PT em Goiás

União de extremos: bolsonaristas se juntam ao PT em Goiás

A bancada do PT na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e parlamentares da base mais radical do presidente Jair Bolsonaro (PL) se uniram para tentar barrar a aprovação dos projetos de lei que viabilizam a criação do Fundo de Infraestrutura (Fundeinfra), uma contribuição facultativa do agronegócio voltada para manutenção e ampliação das rodovias estaduais. Os deputados Antônio Gomide e Adriana Accorsi, ambos do PT, viram na pauta uma brecha para fazer média do partido com o agro, um dos setores mais fiéis ao bolsonarismo, e receberam aplausos de deputados que se colocam como ferrenhos opositores da esquerda. Tudo sob as bençãos de alguns produtores rurais que, ao mesmo tempo, lideram os movimentos antidemocráticos que buscam barrar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Um dos mais ferrenhos defensores do presidente Bolsonaro em Goiás, o deputado Paulo Trabalho (PL) – que, aliás, era filiado ao PT quando o partido estava no poder – pediu uma “salva de palmas” para a decisão dos parlamentares petistas de votarem contra a criação do Fundeinfra. “A deputada Adriana Accorsi, ela é estadual e foi eleita federal. O deputado Antônio Gomide foi reeleito estadual. Os dois são do PT e sabe como eles vão votar? Contra o projeto. Eles merecem uma salva de palmas. Merecem uma salva de palmas porque talvez não esperássemos isso deles”, elogiou durante a sessão ordinária que discutia o projeto na última quinta-feira (17/11).

O deputado Paulo César Martins (PL), outro reeleito em outubro pela bandeira do bolsonarismo e do anti-petismo, também festejou a decisão da bancada do PT. Segundo ele, Accorsi fazia jus à história do pai, [Darci Accorsi, ex-prefeito de Goiânia] ao votar com a oposição e em apoio ao agronegócio. “Parabéns, deputada. Vejo que a senhora é uma mulher que não vem aqui para fazer vingança e vai ser uma grande deputada federal. Tenho certeza disso”, elogiou.

A decisão de se juntar ao bolsonarismo em Goiás foi explicada pelos parlamentares petistas como um gesto de aproximação com o agronegócio, um dos setores que mais tem se empenhado nos questionamentos ao resultado das eleições. “Nós queremos diálogo. O presidente Lula vai ter diálogo com o agronegócio. Nós precisamos unir o nosso país”, justificou Adriana Accorsi ao mencionar diálogo com Paulo Trabalho.

Críticas

A decisão da bancada do PT de acompanhar bolsonaristas e votar contra a criação do Fundeinfra foi alvo de críticas nas redes sociais. Um dos motivos é que o agronegócio continua patrocinando manifestações de cunho golpista contrários a eleição do presidente Lula no segundo turno das eleições presidenciais.

Além disso, o projeto de autoria do Executivo é visto como uma iniciativa que traz justiça tributária e social, já que o agro é o principal beneficiário dos investimentos do Estado em infraestruestura e recebe benefícios fiscais e, em contrapartida, pouco contribui com pagamento de impostos e geração de empregos.

“Nem Caiado é inimigo do agronegócio, nem essa bajulação ao agro vai mudar as posições deles em relação a Lula. No final parece sobrar um instinto de oposição, mas a contribuição traz justiça tributária”, cobrou um internauta ao marcar o perfil de Adriana Accorsi no Twitter.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Quatro estudantes da PUC-SP são desligados após se envolverem em atos racistas durante jogo

Quatro estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram desligados de seus estágios em escritórios de advocacia após um vídeo viralizar nas redes sociais, mostrando atos de racismo e aporofobia cometidos durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais. O incidente ocorreu no último sábado, 17, em Americana, interior de São Paulo. Nos registros, os alunos ofenderam colegas da Universidade de São Paulo (USP), chamando-os de “cotistas” e “pobres”.

As demissões foram confirmadas por meio de notas oficiais enviadas às redações. O escritório Machado Meyer Advogados, por exemplo, anunciou a demissão de Marina Lessi de Moraes, afirmando que a decisão estava alinhada aos seus valores institucionais, com o compromisso de manter um ambiente inclusivo e respeitoso. O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi também confirmou a dispensa de Matheus Antiquera Leitzke, reiterando que não tolera práticas discriminatórias em suas instalações. O Castro Barros Advogados fez o mesmo, informando que Arthur Martins Henry foi desligado por atitudes incompatíveis com o ambiente da firma. O escritório Pinheiro Neto Advogados também comunicou que Tatiane Joseph Khoury não faz mais parte de sua equipe, destacando o repúdio ao racismo e qualquer forma de preconceito.

Repercussão do caso

O episódio gerou forte indignação nas redes sociais e foi amplamente criticado. O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os alunos da Faculdade de Direito da USP, se manifestou, expressando “espanto, indignação e revolta” com as ofensas racistas e aporofóbicas proferidas pelos alunos da PUC-SP. A instituição ressaltou que o incidente representou uma violência contra toda a comunidade acadêmica.

Em resposta, a reitoria da PUC-SP determinou a apuração rigorosa dos fatos pela Faculdade de Direito. Em comunicado, a universidade afirmou que os responsáveis serão devidamente responsabilizados e conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. A PUC-SP reiterou que manifestações discriminatórias são inaceitáveis e violam os princípios estabelecidos em seu Estatuto e Regimento.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Isso vai fechar em 0 segundos