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União de extremos: bolsonaristas se juntam ao PT em Goiás

Última atualização 18/11/2022 | 17:34

A bancada do PT na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e parlamentares da base mais radical do presidente Jair Bolsonaro (PL) se uniram para tentar barrar a aprovação dos projetos de lei que viabilizam a criação do Fundo de Infraestrutura (Fundeinfra), uma contribuição facultativa do agronegócio voltada para manutenção e ampliação das rodovias estaduais. Os deputados Antônio Gomide e Adriana Accorsi, ambos do PT, viram na pauta uma brecha para fazer média do partido com o agro, um dos setores mais fiéis ao bolsonarismo, e receberam aplausos de deputados que se colocam como ferrenhos opositores da esquerda. Tudo sob as bençãos de alguns produtores rurais que, ao mesmo tempo, lideram os movimentos antidemocráticos que buscam barrar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Um dos mais ferrenhos defensores do presidente Bolsonaro em Goiás, o deputado Paulo Trabalho (PL) – que, aliás, era filiado ao PT quando o partido estava no poder – pediu uma “salva de palmas” para a decisão dos parlamentares petistas de votarem contra a criação do Fundeinfra. “A deputada Adriana Accorsi, ela é estadual e foi eleita federal. O deputado Antônio Gomide foi reeleito estadual. Os dois são do PT e sabe como eles vão votar? Contra o projeto. Eles merecem uma salva de palmas. Merecem uma salva de palmas porque talvez não esperássemos isso deles”, elogiou durante a sessão ordinária que discutia o projeto na última quinta-feira (17/11).

O deputado Paulo César Martins (PL), outro reeleito em outubro pela bandeira do bolsonarismo e do anti-petismo, também festejou a decisão da bancada do PT. Segundo ele, Accorsi fazia jus à história do pai, [Darci Accorsi, ex-prefeito de Goiânia] ao votar com a oposição e em apoio ao agronegócio. “Parabéns, deputada. Vejo que a senhora é uma mulher que não vem aqui para fazer vingança e vai ser uma grande deputada federal. Tenho certeza disso”, elogiou.

A decisão de se juntar ao bolsonarismo em Goiás foi explicada pelos parlamentares petistas como um gesto de aproximação com o agronegócio, um dos setores que mais tem se empenhado nos questionamentos ao resultado das eleições. “Nós queremos diálogo. O presidente Lula vai ter diálogo com o agronegócio. Nós precisamos unir o nosso país”, justificou Adriana Accorsi ao mencionar diálogo com Paulo Trabalho.

Críticas

A decisão da bancada do PT de acompanhar bolsonaristas e votar contra a criação do Fundeinfra foi alvo de críticas nas redes sociais. Um dos motivos é que o agronegócio continua patrocinando manifestações de cunho golpista contrários a eleição do presidente Lula no segundo turno das eleições presidenciais.

Além disso, o projeto de autoria do Executivo é visto como uma iniciativa que traz justiça tributária e social, já que o agro é o principal beneficiário dos investimentos do Estado em infraestruestura e recebe benefícios fiscais e, em contrapartida, pouco contribui com pagamento de impostos e geração de empregos.

“Nem Caiado é inimigo do agronegócio, nem essa bajulação ao agro vai mudar as posições deles em relação a Lula. No final parece sobrar um instinto de oposição, mas a contribuição traz justiça tributária”, cobrou um internauta ao marcar o perfil de Adriana Accorsi no Twitter.