Recentemente, a avaliação da jurada Ana Paula Fernandes sobre o samba-enredo da Unidos de Padre Miguel gerou um intenso debate nas redes sociais. A avaliadora decidiu retirar 0,3 pontos da escola, alegando um “excesso de termos em iorubá” na letra. Essa justificativa gerou indignação tanto na agremiação quanto em diversos internautas, que consideraram a penalização como injusta. A Unidos de Padre Miguel se manifestou nas redes sociais, afirmando que “despontuar uma escola por utilizar o dialeto de sua cultura é, no mínimo, uma avaliação despreparada”.
O tema abordado pela escola no desfile deste ano envolveu a história de Francisca da Silva, conhecida como Iyá Nassô, uma importante figura do candomblé. A liderança feminina de Iyá Nassô e sua contribuição para a introdução do candomblé no Brasil foram elementos fundamentais do enredo. No livro Abre-Alas, a escola explica que os termos em iorubá do samba e do enredo são cruciais para contextualizar a vida e a trajetória de Iyá Nassô, além de representar uma forma de resistência cultural.
A polêmica em torno da decisão da jurada Ana Paula Fernandes despertou discussões sobre a representatividade e o respeito às culturas afro-brasileiras no Carnaval. Muitas vozes se levantaram contra a retirada de pontos da Unidos de Padre Miguel, considerando-a um ato de racismo explícito e um reflexo do despreparo dos jurados em relação a temas africanos. Além disso, a inclusão de um glossário com termos em iorubá no Livro Abre-Alas da escola demonstra o cuidado e a preocupação em proporcionar ao público uma experiência rica em conhecimento cultural.
Outras justificativas dadas pela jurada para a diminuição da nota da Unidos de Padre Miguel incluíram a questão da narrativa do samba e a falta de inovação na melodia. Durante a apuração, o somatório de pontos feito por Ana Paula Fernandes foi descartado por ser o menor dado no quesito. A direção da escola anunciou que entrará com um recurso na Liesa, alegando inconsistências graves na avaliação, como penalizações desproporcionais devido a problemas técnicos no caminhão de som, que estariam fora do controle da agremiação.
Diante do cenário de debates e contestações, a Unidos de Padre Miguel busca garantir uma avaliação justa e transparente do seu desfile, com o objetivo de preservar a dignidade de sua história e o esforço de toda a comunidade envolvida. A luta da escola é por justiça e pelo reconhecimento do trabalho árduo de cada integrante que se dedicou para levar à Avenida um desfile que honra a tradição da agremiação. O desfecho desse episódio promete continuar gerando reflexões sobre a importância do respeito às culturas afro-brasileiras no Carnaval e na sociedade como um todo.