USP afasta professor acusado de abuso sexual: medidas e repercussões

A Universidade de São Paulo (USP) decidiu afastar temporariamente o professor Alysson Mascaro, acusado de abuso e assédio sexual por alunos e ex-alunos. As denúncias vieram à tona através de uma reportagem do site Intercept Brasil no início de dezembro, envolvendo casos que teriam ocorrido entre 2006 e 2024. Em nota, a universidade afirmou que há “fortes indícios de materialidade dos fatos” e que estes se enquadram como possível assédio sexual.

A medida de afastamento foi tomada pela Faculdade de Direito da USP e terá duração mínima de 60 dias, enquanto a instituição realiza uma sindicância interna para investigar as acusações. Alysson Mascaro, conhecido por suas publicações na área jurídica e por atuar como livre-docente em Filosofia e Teoria Geral do Direito, teria cometido os atos denunciados contra homens entre 24 e 28 anos que faziam parte de seus grupos de pesquisa.

Segundo as informações reveladas pelo Intercept, as vítimas relataram desde beijos forçados até casos de estupro, sendo que o professor utilizava sua posição de autoridade para prometer favores profissionais e vantagens na área jurídica. A portaria da faculdade justificou o afastamento cautelar como uma medida necessária para proteger a moralidade pública e o andamento das investigações, considerando a relação de poder estabelecida entre Mascaro e seus alunos.

Durante o período de afastamento, Alysson Mascaro está proibido de comparecer a aulas, reuniões, bancas e demais espaços físicos e virtuais onde atua como docente na USP. A defesa do professor não se manifestou sobre a decisão da universidade até o momento. A repercussão do caso levantou debates sobre a importância de investigar e coibir casos de assédio sexual no ambiente acadêmico, reforçando a necessidade de proteção e respeito aos estudantes e profissionais da área de Direito.

A questão do assédio sexual e abuso de poder em instituições de ensino tem sido cada vez mais debatida e requer ações efetivas para garantir um ambiente seguro e livre de condutas inadequadas. A USP, ao afastar temporariamente o professor Alysson Mascaro, demonstrou o compromisso com a apuração séria e justa das denúncias apresentadas. Espera-se que medidas preventivas e educativas sejam implementadas para prevenir novos casos e promover a ética e o respeito dentro da comunidade acadêmica.

É fundamental que situações de assédio e abuso sejam tratadas com seriedade e que as vítimas tenham apoio para denunciar e buscar justiça. A transparência nas investigações e a punição adequada aos culpados são essenciais para evitar a impunidade e proteger a integridade das pessoas envolvidas. A atuação responsável das instituições de ensino diante de casos de assédio é fundamental para promover um ambiente de igualdade, respeito e segurança para todos os envolvidos.

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Entidades de Jundiaí promovem alfabetização em Libras seguindo legado pioneiro da aprendizagem no Rio de Janeiro

Entidades de Jundiaí dão seguimento à alfabetização em Libras aprendida por pioneiro no Rio de Janeiro

Germano Gonçalves estudou Libras no Instituto Nacional de Surdos, criado por Dom Pedro II no século 19. Clube dos Surdos e Ateal já atenderam milhares de surdos na cidade.

O ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) em Jundiaí (SP) se deve a Germano Gonçalves. Ele estudou Libras no Instituto Nacional de Surdos, criado por Dom Pedro II no século 19, no Rio de Janeiro, e trouxe os conhecimentos adquiridos para a sua cidade, onde fundou a Associação Clube dos Surdos.

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“A gente precisa trabalhar com as duas línguas, tanto a Libras quanto com o português. Claro que a primeira língua será a Libras, estimulada desde bebês, e conforme crescem vão tendo também o contato com o português, na modalidade escrita, como segunda língua”, diferencia Luciane Cruz, chefe de gabinete do Instituto Nacional de Educação de Surdos.

1 de 5 Germano Gonçalves estudou Libras no Instituto Nacional de Surdos — Foto: Reprodução/TV Tem

Germano Gonçalves estudou Libras no Instituto Nacional de Surdos — Foto: Reprodução/TV Tem

O legado segue, agora com o filho, Luciano Gonçalves. Conforme as suas contas, a entidade já atendeu a mais de mil surdos.

> “Já nasci no berço da Libras, porque tanto meu pai quanto minha mãe tinham a comunicação em libras como primeira língua. A Língua Brasileira de Sinais é a minha língua materna, assim digamos. Porém eu também sou uma pessoa ouvinte, que tem a língua portuguesa.

A Ateal é outro centro de apoio a pessoas com surdez em Jundiaí. São 40 anos de um trabalho multidisciplinar. Das cabeças desses profissionais saem ideias que melhoram a comunicação de crianças e jovens surdas. A entidade atende desde o bebê em triagem neonatal até a terceira idade.

2 de 5 Há 40 anos, Ateal é centro de apoio a pessoas com surdez em Jundiaí — Foto: Reprodução/TV Tem

Há 40 anos, Ateal é centro de apoio a pessoas com surdez em Jundiaí — Foto: Reprodução/TV Tem

“Nossa preocupação é que eles tenham acesso a qualquer informação, a todo momento. Por isso esse núcleo busca muito ir atrás dessas informações, com uma rede de contatos, WhatsApp, outras associações que também trabalham com surdos, buscando o melhor caminho da informação chegar até eles”, pontua Carolina Cyrillo, supervisora de tradutores da Ateal.

“Quando eu era criança não tinha essa sinalização e informação. Às vezes eu era o único surdo ali e as pessoas ouvintes tentavam me explicar uma coisa ou outra. Era difícil. Quando eu fui crescendo e me desenvolvendo, e tive filhos, eu vi a necessidade de passar essa informação para eles. Trabalhando com as crianças surdas, eu crio para elas o que eu queria para a minha infância”, continua Leandro Ramalho, consultor de Libras da instituição.

Ele é o responsável por elaborar projetos para integrar as crianças da Ateal e criar sinais – como o que representa o nome de uma pessoa. No caso da Libras, apenas um surdo pode fazer isso. O que significa que a língua está em constante mudança.
LIBRAS, DEPOIS PORTUGUÊS

3 de 5 Primeira língua dos surdos é a de sinais, e não o português — Foto: Reprodução/TV Tem

Primeira língua dos surdos é a de sinais, e não o português — Foto: Reprodução/TV Tem

A primeira língua dos surdos é a de sinais. Não é o português. Isso porque o português é fonético, ou seja, a pessoa o reproduz até aprender, mas a Libras é visual. Para comparação: a frase “o carro bateu na árvore” tem sujeito, verbo e predicado. Em Libras não existe essa ordem. Primeiro vem o sinal da árvore, depois a ação, “o carro bateu”.

O ensino de Libras às crianças nas escolas é garantido por lei. A advogada da Ateal, Roseli Maestrello, observa que, se o direito não for atendido espontaneamente pelos municípios, deve ser exigido na Justiça. “Para que o Poder Judiciário determine ao município que ele vá cumprir e contratar um intérprete que esteja na sala de aula com a criança”, pontua.

4 de 5 Ensino de Libras às crianças é um direito garantido por lei — Foto: Reprodução/TV Tem

Ensino de Libras às crianças é um direito garantido por lei — Foto: Reprodução/TV Tem

Conforme a gestora de Educação de Jundiaí, Vasti Ferrari Marques, as escolas municipais do município devem atender individualmente ao perfil de cada criança. “No caso de crianças surdas, a que usa aparelho ou implante, oralizada ou não, todos os aspectos do desenvolvimento dela são considerados para que tenha um tratamento individualizado e personalizado, e uma característica de cuidado e educação diferenciados para o seu melhor desenvolvimento”.

Educar em português e em Libras exige atenção aos detalhes. Em um passeio na natureza, como na Serra do Japi, existe apenas um sinal para árvore. Não há sinais para definir espécies. Por isso, a Ateal criou um guia em que as características de cada espécie são descritas em sinais.

ENSINO POR PAIXÃO

Na escola do Luis Felipe Santos Silva, de 10 anos, a língua de sinais é ensinada duas vezes por semana. “Aqui na escola, as crianças sabem Libras, os amigos, todo mundo. Eu me sinto feliz”

5 de 5 Nataniele ensina Libras para o aluno Luis Felipe, de 10 anos — Foto: Reprodução/TV Tem

Nataniele ensina Libras para o aluno Luis Felipe, de 10 anos — Foto: Reprodução/TV Tem

A ideia de ensinar Libras para as crianças foi da Nataniele da Silva, intérprete que acompanha diariamente o garoto nas aulas.

> “Falar de Libras, para mim, é uma paixão. Você vê eles inseridos na comunidade e todos a sua volta tendo essa comunicação e acessibilidade é maravilhoso. Acho que todos deveríamos aprender Libras desde criança”.

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