Última atualização 20/08/2022 | 17:51
A maioria das pessoas vacinadas contra covid teve algum efeito colateral, como dor no braço, dor de cabeça, cansaço e febre. Uma reação aparentemente incomum tem sido relatada por mulheres em consultórios ginecológicos: alterações no fluxo menstrual. Um estudo com 39 mil mulheres norte-americanas apontou que 42% delas notaram a mudança após a primeira ou a segunda dose de Pfizer, Moderna, AstraZeneca, Johnson & Johnson, Novavax e outras não especificadas no artigo.
Em Goiânia, a ginecologista Joice notou aumento desse tipo de queixa nos atendimentos. Ela afirma que muitas pacientes relataram sangramentos inesperados, ciclos curtos e outras atrasos ou fluxo aumentado. Inicialmente, o “sintoma” não foi associado por ela à vacina, mas após tomar conhecimento da pesquisa feita nos Estados Unidos observou que as reclamações ocorriam após a imunização.
“Provavelmente, o sangramento ocorre por um processo inflamatório endometrial causado pela vacina. São necessários estudos mais detalhados para compreendermos melhor como isso ocorre porque os dados que temos ainda são insuficientes e outros fatores podem alterar o padrão menstrual, inclusive o estresse gerado pela pandemia”, acredita.
A médica ressalta que diversas doenças também podem levar ao aumento do fluxo menstrual, como alterações hormonais, miomas e pólipos. Joice explica que especificamente sobre o coronavírus, a questão é a preferência por infectar células ricas em uma enzima chamada ECA2 porque facilitam a “entrada” dele. O endométrio, que é o tecido que reveste a parte interna do útero, é rico em ECA2 e a vacina pode simular um processo inflamatório dessas células endometriais, resultando em descamação, ou seja, menstruação.
No caso das mulheres na pós menopausa, o sangramento funciona pelo mesmo motivo. Apesar da falta de estímulo hormonal que causa o espessamento e descamação endometrial (menstruação), elas mantêm as células endometriais. A inflamação causada pela imunização contra covid promove a menstruação temporária.
“Não há, de forma alguma, motivo para alarde. Acredito que a vacina possa sim ser responsável por essas alterações no ciclo menstrual, mas que são passageiras, com duração de dois ou três ciclos. Não temos observado maiores complicações ou sangramentos que se prolongam além desse tempo”, frisa a especialista.