A primeira mulher cacica em Goiás é de uma aldeia localizada às margens do Rio Araguaia. Valdirene Mahudikè, pedagoga e gestora de um colégio estadual, tornou-se a líder juntamente com outra mulher na vice-liderança da Aldeia Buridina, em Aruanã.
Valdirene, da etnia Yny Karajá, representa a primeira mulher cacica em Goiás, conforme a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Ela assumiu a posição ao lado da vice, Clauderice Buré, aproximadamente três meses atrás na Aldeia Buridina, em Aruanã, cidade situada no noroeste do estado, às margens do Rio Araguaia.
“Eu aceitei esse desafio pelo bem do meu povo, um povo Inã, guerreiro forte, que eu sempre estive ajudando, auxiliando, cuidando”, afirmou Valdirene, destacando seu compromisso com a preservação da cultura Inã.
Na língua Iny dos povos Karajá, o termo “Inã” significa “nós” ou “a gente”, sendo a autodenominação desses povos ao se referirem a si mesmos. Como líder, Valdirene busca manter a cultura viva, preservando o Inyrybe oral e escrito, bem como os artesanatos, para serem passados às futuras gerações.
Como pedagoga e gestora do Colégio Estadual Indígena Maurehi, na Aldeia Buridina, Valdirene enfrenta desafios na administração de um ambiente escolar com três idiomas – Inyrybé (língua Karajá), português e inglês, que demandam sua atenção e dedicação.
A liderança de Valdirene na aldeia foi uma decisão da comunidade, que a escolheu para assumir o cargo, mesmo com sua relutância inicial. Ela já tinha experiência temporária como cacica na adolescência, quando o cacique anterior faleceu.
Valdirene destacou a importância de manter a cultura viva e enfrentar os desafios de demandas por território, educação e saúde, especialmente devido à pressão dos não indígenas na região onde a aldeia está localizada. Sua meta é preservar a cultura Inã e fortalecer a parceria com os parentes da Ilha do Bananal, grande aldeia do povo Karajá.
A cacica Valdirene Mahudikè representa um exemplo de liderança e resistência, buscando garantir a continuidade da cultura indígena em meio a desafios e pressões externas. Sua atuação é fundamental para a preservação e valorização da identidade dos povos Karajá em Goiás.