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Varíola dos macacos: em Goiás, 90% dos casos foram transmitidos sexualmente

Última atualização 25/07/2022 | 13:31

Goiás tem 12 casos confirmados de Monkeypox, conhecida popularmente como varíola dos macacos. Os pacientes são todos homens com idades entre 26 e 43 anos. A maioria das contaminações ocorreu durante relação sexual com pessoas que têm histórico de viagens para São Paulo, onde há circulação comunitária do vírus. Já em relação a Goiânia, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), os nove casos confirmados foram transmitidos sexualmente e entre pessoas do mesmo gênero.

“As pessoas se infectaram em outro estado e, consequentemente, passaram para os seus parceiros ao chegarem aqui em Goiânia. O que nós temos observado neste momento é que a grande maioria é neste perfil. Ou seja, através de relação sexual”, explicou o superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Yves Mauro Ternes.

Ainda segundo Ternes, apesar do crescente número de contaminados, a Capital ainda não está em transmissão comunitária, visto que todos os casos, até o momento, são de pessoas que viajaram ou tiveram contato com alguém que viajou. E a transmissão comunitária só pode ser determinada caso ocorra confirmação de pacientes fora desse grupo.

Conforme o médico infectologista Marcelo Daher, o contágio da doença pelo ar é de menor relevância, ou seja, com baixo risco de incidência. Por isso, não há necessidade do uso da máscara em pessoas não infectadas. Mas, reforça que o contato “pele a pele” é o mais preocupante.

Além disso, Daher afirma que as pessoas que estão sexualmente mais expostas estão em maior risco. E explica que as lesões causadas pela doença, na maioria das vezes, podem passar despercebidas, sendo confundidas com uma espinha ou com um pelo inflamado.

Para concluir, o especialista ressalta a importância de debater as formas de contaminação pela doença, em grupos de maior risco.

Marcelo Daher, médico infectologista (Foto: Arquivo pessoal do especialista)

“Entre os homens que fazem sexo com outros homens a prevalência é maior neste momento. Então nós temos que ter uma maior atenção com esse grupo sim, e falar abertamente, porque só assim nós podemos controlar a doença”, ressaltou Daher.

Monkeypox em Goiás

No último sábado, 23, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Monkeypox como emergência de saúde global. A afirmativa tem como objetivo chamar a atenção para a rápida progressão no número de casos da doença e sua disseminação crescente para vários países.

No Brasil, a doença em maio já soma 12 casos confirmados em Goiás, sendo nove em Goiânia, dois em Aparecida de Goiânia e um em Inhumas. Além de um caso provável na capital e 16 suspeitos, segundo último informe divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde Goiás (SES-GO)

Transmissão da Varíola dos Macacos

Entre humanos, a transmissão da varíola dos macacos ocorre por contato com fluidos corporais, lesões na pele ou em mucosas, como boca ou garganta, gotículas respiratórias durante contato pessoal prolongado e por meio de objetos contaminados.

Análise dos casos

De acordo com a SES, os critérios para definição de caso suspeito da varíola dos macacos (Monkeypox) são que o indivíduo, de qualquer idade, apresenta início súbito de erupção cutânea aguda, única ou múltipla, em qualquer parte do corpo (incluindo região genital), associada ou não a adenomegalia ou relato de febre.

Também são avaliados os seguintes critérios:

● Histórico de viagem a país endêmico ou com casos confirmados nos 21 dias anteriores ao início dos sintomas;

● Ter vínculo com casos confirmados da doença, desde 15 de março de 2022, nos 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas;

● Histórico de contato íntimo com desconhecido/a (s) e/ou parceiro/a(s) casual(is), nos últimos 21 dias que antecederam o início dos sinais e sintomas.

A varíola dos macacos é geralmente uma doença autolimitada com sintomas que duram de duas a quatro semanas, denotada pelo surgimento de lesões na pele. O período de transmissão da doença se encerra quando as crostas das lesões desaparecem. O período de incubação é de seis a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias.

Por ser transmissível, a doença exige cuidados para a identificação dos pacientes, o isolamento, a notificação dos casos, a realização de testes laboratoriais e o monitoramento dos contatos. O tratamento é baseado em medidas de suporte com o objetivo de aliviar sintomas, prevenir e tratar complicações e evitar sequelas.

Casos Graves

Os casos graves ocorrem mais comumente entre crianças e estão relacionados à extensão da exposição ao vírus, estado de saúde do paciente e natureza das complicações. As deficiências imunológicas subjacentes podem levar a resultados piores.

As complicações podem incluir infecções secundárias, broncopneumonia, sepse, encefalite e infecção da córnea com consequente perda de visão. Historicamente, a taxa de letalidade variou entre 0 e 11% na população em geral e tem sido maior entre crianças. Nos últimos tempos, a taxa de mortalidade foi de cerca de 3%.

Exame

Diante disso, é feita a coleta de amostras do paciente. As mesmas são encaminhadas para o Laboratório Estadual Central de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO). Algumas amostras para diagnóstico diferencial são analisadas no próprio Lacen e outras, encaminhadas pelo Lacen ao laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro.