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Escola é um ambiente de risco considerável para varíola dos macacos

Última atualização 04/08/2022 | 10:25

O cenário epidemiológico da Monkeypox, conhecida popularmente como varíola dos macacos, muda constantemente com o número de casos aumentando consideravelmente todos os dias no Brasil e no mundo. Em Goiás, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), já são 35 notificações confirmadas, além de 55 suspeitas. O retorno às aulas na rede pública de ensino acendeu um alerta na SES, mesmo que todos os contaminados sejam homens com idades entre 23 e 43 anos.

“Os grupos que mais nos preocupam são crianças, gestantes e imunossuprimidos. Os imunossuprimidos são pessoas que têm baixa imunidade em função de uma doença, ou tem diminuição dessa imunidades pelo tratamento de alguma doença”, disse de vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim. 

Ainda de acordo com a SES, o retorno do período de volta às aulas coincide com o aumento de casos da doença. Por isso, pede para que “pais e profissionais da área da educação fiquem em alerta para as medidas de prevenção e sintomas da doença.”

Segundo a infectologista Juliana Barreto, a varíola dos macacos pode ser transmitida por abraços, beijos e secreções respiratórias, atos comuns entre as crianças, durante atividades em sala de aula. Com isso, de acordo com a SES, “a escola é um ambiente de risco considerável.” 

 “As crianças sempre pegam em tudo, nas superfícies, levam a boca, e não higienizam as mãos tantas vezes, portanto tendo grande chance de ser contaminada”, explicou Barreto.

Prevenção

Segundo a infectologista, hábitos semelhantes aos de contenção à Covid-19, podem evitar a proliferação da Monkeypox. São eles: lavar as mãos com frequência com água e sabão, além de usar álcool 70% e continuar usando máscaras em locais fechados. 

Outro ponto importante é a constante conversa entre pais e filhos sobre a doença e como preveni-la. 

 “A conscientização que acontece em casa é muito eficaz em relação à mudança de comportamentos. Por isso, sempre que possível é necessário criar situações para esse tipo de diálogo com as crianças e adolescentes”, explicou a especialista. 

Sintomas

Os pais e os profissionais de educação devem ficar atentos aos sintomas da doença. Febre, dor de cabeça, inchaço dos gânglios linfáticos, dor nas costas, dor muscular, calafrios e exaustão são alguns deles. Os sintomas duram de duas a quatro semanas, acompanhada pelo surgimento de lesões na pele. Caso o menor apresente algum sintoma a orientação é levá-lo imediatamente ao médico.

“Se a criança tiver com qualquer sintoma relacionado não mandar a criança pra escola, avisar na escola, levar a criança ao médico para avaliação, lavar a mão da criança o máximo de vezes possível”, afirma a infectologista.

Sobre a doença

Entre humanos, a transmissão da varíola dos macacos ocorre por contato com fluidos corporais, lesões na pele ou em mucosas, como boca ou garganta, gotículas respiratórias durante contato pessoal prolongado e por meio de objetos contaminados.

Análise dos casos

De acordo com a SES, os critérios para definição de caso suspeito da varíola dos macacos (Monkeypox) são que o indivíduo, de qualquer idade, apresenta início súbito de erupção cutânea aguda, única ou múltipla, em qualquer parte do corpo (incluindo região genital), associada ou não a adenomegalia ou relato de febre.

Também são avaliados os seguintes critérios:

  • Histórico de viagem a país endêmico ou com casos confirmados nos 21 dias anteriores ao início dos sintomas;
  • Ter vínculo com casos confirmados da doença, desde 15 de março de 2022, nos 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas;
  • Histórico de contato íntimo com desconhecido/a (s) e/ou parceiro/a(s) casual(is), nos últimos 21 dias que antecederam o início dos sinais e sintomas.

A varíola dos macacos é geralmente uma doença autolimitada com sintomas que duram de duas a quatro semanas, denotada pelo surgimento de lesões na pele. O período de transmissão da doença se encerra quando as crostas das lesões desaparecem. O período de incubação é de seis a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias.

Por ser transmissível, a doença exige cuidados para a identificação dos pacientes, o isolamento, a notificação dos casos, a realização de testes laboratoriais e o monitoramento dos contatos. O tratamento é baseado em medidas de suporte com o objetivo de aliviar sintomas, prevenir e tratar complicações e evitar sequelas.

Casos graves

Os casos graves ocorrem mais comumente entre crianças e estão relacionados à extensão da exposição ao vírus, estado de saúde do paciente e natureza das complicações. As deficiências imunológicas subjacentes podem levar a resultados piores.

As complicações podem incluir infecções secundárias, broncopneumonia, sepse, encefalite e infecção da córnea com consequente perda de visão. Historicamente, a taxa de letalidade variou entre 0 e 11% na população em geral e tem sido maior entre crianças. Nos últimos tempos, a taxa de mortalidade foi de cerca de 3%.

Exame

Diante disso, é feita a coleta de amostras do paciente. As mesmas são encaminhadas para  laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro, porém a SES-GO estuda a possibilidade da análise ocorrer no Laboratório Estadual Central de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO), em Goiânia.