Vasco faz tudo o que não deveria em Quito e é massacrado
Independiente del Valle finalizou 33 vezes em 99 minutos e construiu ótima vantagem
A lista dos principais cuidados a serem tomados em jogos na altitude não deve ter sido levada para a viagem cruzmaltina à capital equatoriana. O Vasco ficou em inferioridade numérica precocemente, e como consequência disso não conseguiu reter a bola ou contra-atacar. Defendeu pessimamente a área também, o que foi determinante para acachapante derrota por 4×0 para o Independiente del Valle.
Na próxima terça-feira, em São Januário, o Gigante da Colina precisará repetir a diferença de gols favoravelmente se quiser levar a decisão da vaga para as oitavas de final da Copa Sul-Americana para os pênaltis. Somente se triunfar com cinco gols a mais que os equatorianos se classificará no tempo normal.
Escalações
O técnico espanhol Javier Rabanal manteve a base que costuma escalar no Independiente del Valle. Briones e Mercado ganharam as disputas com Pata e Cazares, e foram titulares. Sornoza e Jhegson Méndez, outros conhecidos do futebol brasileiro, foram mais uma vez reservas.
Já Fernando Diniz, sem Philippe Coutinho, optou pela entrada do jovem centrovante GB, que fez dupla de frente com Vegetti. Foi a primeira vez dele como titular com o elenco principal do Vasco.
Como o posicionamento das equipes se moldou após a expulsão e a mexida de Diniz
Perder um jogador expulso aos 11 minutos de qualquer partida é certeza de sofrimento. Se o jogo for a quase 3.000 metros de altitude então, a situação fica ainda pior. Assim foi a partida para o Vasco em Quito. Lucas Piton acertou um pisão acima do tornozelo de Guagua e foi corretamente expulso após consulta ao VAR.
O jogo era favorável ao Vasco até o momento da expulsão. O time carioca marcava a saída de bola adversária com agressividade. Basicamente homem a homem ao fazer tal movimento. O Del Valle tentou algo parecido, mas o Cruzmaltino conseguiu boas escapadas em cobranças de lateral pela esquerda. Rayan chegou a obrigar Villar a fazer uma boa defesa.
Mesmo já com um a menos, o jovem ponta voltou a levar perigo em duas cobranças de falta, mas logo depois o Independiente del Valle tomou conta das ações. Diniz colocou Victor Luís no lugar de GB e também pediu que Nuno Moreira passasse e recompor na linha de defesa.
Montou um 5-3-1, com Victor Luís formando a trinca de zagueiros com João Victor e Lucas Freitas. Paulo Henrique e Nuno defendendo como ”alas”. Rayan se alinhava a Hugo Moura e Tchê Tchê em uma trinca de meio que flutuava à frente da linha defensiva para fechar os passes e os espaços por dentro. Vegetti dava o primeiro combate.
Marcar em bloco muito baixo foi inevitável, principalmente pela natureza do Del Valle. É um time que busca ter a bola, executa o jogo de posição e trabalha de forma mais pausada, sem forçar jogadas ou acelerações. Empurrou Mercado e Gugua em cima dos setores de Victor Luís e João Victor.
Inicialmente trabalhou com Briones e Ibarra bem abertos. Matías Fernandez e Cortez foram mais agressivos do que antes. Alcívar e a dupla de zaga foram basicamente armadores na intermediária ofensiva. Os problemas para o Vasco começaram pelo lado direito da defesa.
Cortez fazia ultrapassagens bem aberto e buscava a linha de fundo após combinações com Briones. Acertou cruzamentos perigosos para Spinelli, que perdeu boas chances de abrir o placar. Os zagueiros do time carioca foram mal nos duelos aéreos. Naturalmente havia liberdade também para chutes de média e longa distância, e esta foi mais uma arma importante dos donos da casa.
Pela direita, Matías Fernandez fazia ultrapassagens entre Victor Luís e Nuno Moreira quando Ibarra recebia bem aberto. Em vários momentos eram seis jogadores atacando a área cruzmaltina. Os brasileiros sucumbiram nos acréscimos. Léo Jardim, que já tinha feito boas defesas, rebateu mal uma cabeçada de Guagua, e o zagueiro Carabajal botou os equatorianos na frente.
Além de não conseguir marcar, o Vasco basicamente não encontrava formas de sair para o contra-ataque. Os jogadores velozes eram obrigados a defender muito atrás. Fernando Diniz colocou o zagueiro Maurício Lemos em campo após o intervalo. Nuno Moreira saiu. Victor Luís passou a defender como ala. Em tese, as coisas melhorariam na proteção da área, mas não foi o que ocorreu.
O Del Valle voltou ainda mais disposto a pressionar para o 2º tempo e finalizou quatro vezes em cinco minutos. Duas delas no fundo da rede de Léo Jardim. Mercado ampliou ao receber de Spinelli na entrada da área. Outra jogada oriunda de cruzamento pelo lado esquerdo da defesa cruzmaltina. Lemos e Hugo Moura hesitaram na jogada.
O zagueiro uruguaio falharia também no terceiro gol. Protegeu mal o seu setor e não brecou o cruzamento de Briones pelo lado esquerdo. Spinelli atacou as costas de Lemos e marcou. Os anfitriões nitidamente perderam mobilização após construírem o elástico placar. Mexidas foram feitas para devolver a agressividade. Cazares e Jhegson Méndez ganharam chance.
No Vasco, David substituiu Rayan nos últimos 20 minutos, mas não poderia fazer nada sozinho. Na reta final da partida, Mercado ainda marcou o quarto gol após boa jogada de Cazares e Spinelli por dentro da defesa carioca. O próprio Mercado invadiria a área na sequência e seria derrubado por Lemos, em péssima atuação. Cazares parou em de Léo Jardim no último ato relevante da partida.