Em um novo documento publicado nesta segunda-feira, 8, e aprovado pelo Papa Francisco, o Vaticano condenou operações de mudança de sexo, fluidez de gênero e barriga de aluguel. A instituição condenou os atos como uma afronta à dignidade humana.
No texto, o Vaticano argumentou que o sexo no qual a pessoa nasce é um “presente irrevogável” de Deus e “qualquer intervenção de mudança de sexo, como regra, corre o risco de ameaçar a dignidade única recebida pela pessoa desde o momento da concepção”. A Igreja Católica afirmou ainda que pessoas que desejam “autodeterminação pessoal, como prescreve a teoria de gênero”, arriscam-se a ceder “à tentação milenar de se fazerem deus”.
O documento foi destinado como uma declaração abrangente da visão presente na igreja católica sobre dignidade humana, que incluiu a exploração dos pobres, migrantes, mulheres e pessoas vulneráveis. O texto foi preparado durante cinco anos e revisado por autoridades por diversas vezes.
A publicação foi feita meses após o Papa Francisco aprovar que católicos LGBTQ+ recebessem bênçãos de padres e permitir que pessoas transgêneros fossem batizadas, assim como atuassem como padrinhos. Essa decisão foi considerada arriscada por muitos especiais, e chegou a ser reprovada pelos setores mais conservadores da instituição católica.
O documento é visto por muitos como algo decepcionante na visão dos defensores dos direitos LGBTQ+ dentro da igreja católica. Especialista tem temido que o texto divulgado possa ser usado como instrumento para condenar pessoas transgênero, especialmente em países onde são criminalizados e presos.
Ao The New York Times, o diretor executivo do New Ways Ministry, grupo de Maryland (EUA) que defende a presença de católicos LGBTQ+, Francis DeBernardo, afirmou que o texto propaga ideias de danos físicos contra pessoas transgênero, não binárias e outros LGBTQ+. Ainda segundo ele, a defesa do Vaticano em relação a dignidade humana excluiu “o segmento da população humana que é transgênero, não binário ou de gênero não conforme”.
Barriga de Aluguel
Além da condenação contra pessoas não binárias e transgêneros, o Vaticano também aproveitou o documento para dizer que gestações por barriga de aluguel e o aborto são contra a “dignidade fundamental de cada ser humano” e “a aceitação do aborto na mentalidade, nos costumes e na própria lei” reflete “uma crise de moralidade perigosa”.