Vaticano se manifesta contra cirurgia de mudança de sexo

Pope Francis during the funeral mass for late Pope Emeritus Benedict XVI in St. Peter's Square at the Vatican, Thursday, Jan. 5, 2023. Benedict died at 95 on Dec. 31 in the monastery on the Vatican grounds where he had spent nearly all of his decade in retirement. (AP Photo/Andrew Medichini)

A cirurgia de afirmação de género e a barriga de aluguer representam grandes ameaças à dignidade da vida humana e estão a par do aborto e da eutanásia, declarou a Igreja Católica na sua última nota doutrinária.

O Papa Francisco já havia apontado anteriormente o transgenerismo como uma “ideologia perigosa”, alegando que faz parte de uma “guerra global” contra o casamento e a família.

Ao mesmo tempo, nos últimos meses, o Vaticano flexibilizou um pouco as suas regras, permitindo que os padres concedessem bênçãos a casais do mesmo sexo fora dos rituais religiosos ou liturgias, embora não conseguindo legitimar o que ainda chama de “situações irregulares”.

Em Novembro passado, a Igreja Católica também esclareceu que os crentes transexuais podem receber o sacramento do baptismo, servir como testemunhas em cerimónias de casamento e actuar como padrinhos, desde que isso não conduza a um “escândalo público”.

Na segunda-feira, num documento intitulado “Doutrina da Fé  Dignitas Infinita  sobre a Dignidade Humana”, a Santa Sé afirmou que as pessoas deveriam aceitar as suas vidas e corpos como um “presente de Deus”. Como tal, qualquer tentativa de mudar esta situação equivale a brincar de Deus, declara o documento.

O Vaticano argumentou ainda que a teoria do género visa negar a “maior diferença possível que existe entre os seres vivos: a diferença sexual”.

“Daqui resulta que qualquer intervenção de mudança de sexo, em regra, corre o risco de ameaçar a dignidade única que a pessoa recebeu desde o momento da concepção”, acrescenta o documento.

O artigo estabelece uma distinção entre transição por escolha e casos em que a cirurgia é realizada em indivíduos com “anomalias genitais que já são evidentes no nascimento ou que se desenvolvem mais tarde”.

A Santa Sé argumentou que a teoria do género desempenha um “papel central” no que chamou de “colonização ideológica”.

O documento, que supostamente levou cinco anos para ser produzido, também visa países onde “as pessoas são presas, torturadas e até privadas do bem da vida apenas por causa da sua orientação sexual”. Tais práticas são “contrárias à dignidade humana”, disse a igreja.

Outra alegada ameaça mencionada no documento é a barriga de aluguer, que é descrita como transformar crianças em “meros objectos” e negar-lhes o seu direito inalienável de “ter uma origem totalmente humana (e não induzida artificialmente)”.

A barriga de aluguel “viola a dignidade da mulher”, que acaba sendo “desligada da criança que cresce dentro dela e se torna um mero meio subserviente ao ganho ou desejo arbitrário de outros”, afirmou.

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