Veja a história do filhote de onça-parda resgatado em Campinas (SP)

Filhote de onça-parda movimenta clínica veterinária, em Campinas (SP)

Animal foi resgatado depois de ser atropelado pela colheitadeira de cana, numa
plantação. Situação revela “drama” dos animais silvestres.

Filhote de onça-parda movimenta clínica veterinária, em Campinas (SP)

Entre calopsitas, coelhos e porquinhos-da-Índia, uma baia chama a atenção numa
clínica de pets não-convencionais em Campinas, interior de São Paulo. Há cerca
de um mês, um filhote de onça-parda foi parar no estabelecimento, depois de ser
atropelado pela colheitadeira de cana, numa plantação na cidade de Cosmópolis.

“Uma colega do Ibama entrou em contato porque a Guarda Municipal de Cosmópolis a
tinha acionado. O filhote fraturou as duas patas traseiras. Nem a mãe nem os
irmãos foram encontrados”, conta Breno Jancowski, veterinário responsável pela
clínica.

1 de 7 Filhote de onça-parda foi resgatado após ser atropelado no interior de
São Paulo — Foto: Ananda Porto/TG

Filhote de onça-parda foi resgatado após ser atropelado no interior de São Paulo
— Foto: Ananda Porto/TG

Ao chegar, Kél, como passou a ser chamado, precisou de uma cirurgia. “Foi
necessário colocar um fixador externo (pinos) nas duas patas”, explicou o
médico. Breno conta que o animal teve o rompimento de tendões e ligamentos.

2 de 7 Felino precisou passar por cirurgia na pata — Foto: Ananda Porto/TG

Felino precisou passar por cirurgia na pata — Foto: Ananda Porto/TG

“Por conta disso, ele não tem condições de voltar para a natureza. Uma pata
ficou boa, mas a outra está com sequelas. Ele não vai ter força para impulsionar
um salto, ou coisa assim. Para um predador topo de cadeia isso é essencial”,
detalha.

A previsão é de que Kél seja levado para um zoológico ou mantenedor, situação
que deve acontecer assim que ele estiver plenamente recuperado, através da
Polícia Ambiental. Enquanto isso, profissionais da clínica se revezam na
mamadeira, cuidadosamente preparada com suplementos para ajudar no
desenvolvimento do animal. As pintinhas, que o deixam ainda mais encantador, vão
desaparecer conforme ele for crescendo e adquirindo a coloração clássica das
onças-pardas.

3 de 7 Filhote de onça-parda apelidado de Kél recebendo os cuidados na clínica —
Foto: Ananda Porto/TG

Filhote de onça-parda apelidado de Kél recebendo os cuidados na clínica — Foto:
Ananda Porto/TG

Onças Urbanas

Breno conta que as onças-pardas são parte dos animais que se adaptaram ao
crescimento das cidades. “Antes ela morava na floresta, agora ela mora no
canavial”. Segundo ele, muitas se acidentam, mas, devido ao alto número de
indivíduos da espécie na região de Campinas, a espécie acaba tendo uma
“reposição”, e assim novos casos de avistamento e resgates são registrados.

4 de 7 O filhote será encaminhado a um zoológico — Foto: Ananda Porto/TG

O filhote será encaminhado a um zoológico — Foto: Ananda Porto/TG

Uma selva, na cidade

A clínica de Breno, voluntariamente, recebe animais resgatados, de vida livre,
que são trazidos pela Polícia Militar Ambiental, por conta da falta de um espaço
adequado nas cidades que possam receber animais silvestres nesta situação. “E os
casos têm aumentado demais”, relata Breno. “A gente chegou a ter aqui,
simultaneamente, 50 filhotes de gambás”, completa.

5 de 7 Os resgates de gambás têm aumentado muito, de acordo com o veterinário —
Foto: Ananda Porto/TG

Os resgates de gambás têm aumentado muito, de acordo com o veterinário — Foto:
Ananda Porto/TG

No dia da visita do Terra da Gente na clínica, recebiam atendimento: uma família
de bem-tevis, alguns filhotes de tucanos, muitos gambás, um
pica-pau-verde-barrado muito ferido, além de uma corujinha-do-mato, um
sanhaço-cinzento e uma rolinha. Filhotes de ouriço também são frequentes por
ali, assim como os de urubu e os das maritacas e periquitos.

“É muito bom quando a gente vê que deu certo e que a gente deu uma segunda
chance para o bicho. Mas infelizmente é uma minoria, porque muitos acabam
morrendo antes de chegar aqui. Poder devolvê-los à natureza é aquele sentimento:
‘eu passei por esse mundo e deixei ele um pouquinho melhor’. Cada um tem uma
história. Mas é importante explicar que nem todo animal precisa de resgate”,
detalha o veterinário.

6 de 7 Bem-te-vis recebendo tratamento na clínica — Foto: Ananda Porto/TG

Bem-te-vis recebendo tratamento na clínica — Foto: Ananda Porto/TG

“Muitos filhotes caem do ninho, por exemplo, e as pessoa acabam pegando,
pensando em ajudar. Mas o correto é tentar encontrar os pais, colocar o animal
num lugar mais alto, perto do ninho. Se há algum ferimento, o indicado é
entregar esse animal para a Polícia Ambiental dar o encaminhamento”,
complementa.

A clínica de Breno conta com onze profissionais, sendo dois biólogos e cinco
veterinários. Além dos atendimentos aos pets não-convencionais como coelhos,
lagartos, cobras e aves, a equipe atua ainda com educação ambiental, indo à
escolas e permitindo uma conexão das crianças com alguns animais.

Casos frequentes

Enquanto a equipe do TG conversava com Breno, Policiais Ambientais chegaram com
mais um felino: desta vez um gato-do-mato-pequeno. “É o animal 644 deste ano,
desses que chegam como resgate”, informou Breno. O felino estava com um
comportamento que indicava uma possível pancada na cabeça, ficou em recuperação,
mas já tem previsão de soltura. Depois, Breno ainda recebeu um gato-mourisco que
havia sido atacado por um cachorro. Foi a primeira vez que três felinos ficaram
simultaneamente na clínica.

7 de 7 Gato-do-mato-pequeno também foi resgatado — Foto: Ananda Porto/TG

Gato-do-mato-pequeno também foi resgatado — Foto: Ananda Porto/TG

O Terra da Gente preparou uma série de vídeos com a história de alguns animais e
a rotina na clínica. Um material especial e exclusivo que você confere no perfil
do programa no Instagram, ao longo desta semana.

VÍDEOS: DESTAQUES TERRA DA GENTE

50 vídeos

Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

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Tradição de Natal: Família de Itapetininga prepara ravioli um mês antes.

Família do interior prepara prato principal do almoço de Natal com um mês de
antecedência

Em Itapetininga (SP), há 60 anos a família Mazzarino se reúne para celebrar o
almoço de Natal com uma receita tradicional da Itália: o ravioli. Mas, para dar
conta da quantidade a produção começa um mês antes.

Família de Itapetininga mantém tradição de Natal em almoço especial

Em Itapetininga (SP), o Natal tem um sabor especial na casa da família Mazzarino. Há mais de 60 anos, a ceia natalina é marcada pela tradição de preparar ravioli, um prato que une gerações e que começa a ser preparado em novembro, um mês antes do almoço tradicional do dia 25 de dezembro.

Maria Angela Mazzarino Adas, aposentada, relembra o início da tradição ao lado do pai. “Meu pai virava o cilindro e eu acompanhava tudo desde os meus sete anos. Era uma festa: conversa daqui, histórias antigas dali, uma bagunça boa, com todo mundo participando”, conta.

A confecção do prato começou a crescer junto com a família, como relembra Inez dos Santos Mazzarino de Oliveira, também aposentada. “No início, tudo era feito na véspera do Natal, com meu pai liderando os preparativos. Mesmo depois que ele e minha mãe se foram, seguimos com a tradição. Agora, é algo que une ainda mais nossa família.”

O prato, que veio da Itália, carrega a história da família. “O ravioli era comida de ceia de festa para minha avó. Minha mãe aprendeu com ela e passou o conhecimento para as noras. Hoje, ele representa nossa identidade familiar”, explica Maria Margarida Mazzarino.

Inicialmente, a receita era preparada apenas com recheio de carne moída. Mas, com o passar dos anos, a família adaptou o prato para atender todos os gostos. “Atualmente, temos uma opção de recheio de palmito para os veganos”, comenta Regina Mazzarino.

Paulo Roberto Mazzarino destaca a importância de envolver as novas gerações. “Antes, as crianças apenas observavam o preparo. Hoje, ensinamos para elas. Temos aqui cinco ou seis crianças que já estão aprendendo e levarão essa tradição adiante.”

O aumento no número de integrantes da família levou a uma mudança nos preparativos. Se antes o prato era feito na véspera, agora as quatro irmãs da família organizam tudo com antecedência, reunindo todos em novembro para preparar a massa e os recheios.

Para a família Mazzarino, o ravioli é mais do que um alimento. “Sem ele, não é Natal”, conclui Maria Margarida.

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