Última atualização 05/09/2022 | 17:05
Um quarto é o suficiente para você morar? Para muitas pessoas, sim. A tendência minimalista aliando consumo consciente, funcionalidade e custo começou na crise imobiliária dos Estados Unidos em 2018 e ganhou o mundo. Em Goiânia, o movimento já tem adeptos aos apartamentos de 34 a 38 metros quadrados. Eles ajudaram a movimentar o mercado desse tipo de imóveis com aumento de vendas em cinco vezes em um ano.
As vendas de apartamentos compactos saltaram de 347 para 1.636 de 2019 para 2020, segundo a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO). O atrativo para muitos proprietários não é a moradia, mas a possibilidade de locação do imóvel para pessoas em passagem por Goiânia. Na perspectiva de quem pretende viver em um espaço bem menor do que o tradicional, trata-se de uma opção para a rotina acelerada com maior parte do dia fora de casa.
“Hoje há fila de espera por eles e os investidores são os maiores interessados nesse tipo de imóvel porque podem ter alta rentabilidade. Goiânia já é famosa por não ter rede hoteleira suficiente para atender ao público dos grandes eventos e, mesmo com o aumento de leitos, esse descompasso continua porque o número de eventos também está crescendo. Com isso, as locações de apartamentos compactos decorados tornam-se uma oportunidade”, diz Maurício D’Angelo, gerente comercial da Consciente Construtora.
Os compactos costumam atrair mais jovens na faixa dos 30 anos de idade. A praticidade é uma demanda comum desse público, por isso, os apartamentos geralmente ficam em regiões nobres e central da capital nas quais há oferta de serviços e lazer, como com lavanderia, com office, academia, store de conveniência. A localização privilegiada faz desse imóveis um pouco mais caros que os apartamentos convencionais de dois quartos nas mesmas áreas. O metro quadrado de um deles custa entre R$ 8 mil e R$ 9,5 mil, enquanto a de um tradicional sai por R$ 7,5 mil.
Segundo o especialista em mercado imobiliário e diretor URBS Trend, Francisco de Paula, a tendência vai de encontro aos novos hábitos de vida dos goianos, cuja rotina está cada dia mais acelerada. “Grandes espaços não estão entre as prioridades de quem passa a maior parte do tempo fora de casa. Um apartamento menor pode oferecer ao morador mais tempo para viver”, diz.
No caso do administrador Vinícius Lodi, a ideia foi garantir um dinheirinho extra futuramente. Ele já tem uma casa própria e viu na opção uma forma de se antecipar ao que acredita ser uma moda que veio para ficar. “Acho que pelo perfil de solteiros na cidade, a quantidade de faculdades e fluxo de pessoas de cidades vizinhas, esse modelo vai se tornar um sucesso. Atualmente, a quantidade de imóveis com esse perfil menor não atende a demanda”, diz.
A lógica de “menos é mais” se estende aos flats, de metragem um pouco maior do que um quarto de hotel. Nesse caso, a maior parte é vendida na planta e podem valorizar de 20% a 50% nos três anos até ser construída. Segundo o corretor de imóveis da Adão Imóveis, Nelson Gonçalves, o preço começa em R$320 mil, variando conforme construtora, da região, altura e posição solar. A região da Serrinha, em Goiânia, tem se tornado um reduto desse tipo de construção que não teria concorrentes na área. “A estimativa é de 1% a 1,5% de ganho no imóvel. Se tirar gasto de decoração e financiamento, tem um cálculo de 0,7% a 0,9% de lucro. O apartamento quando lançado já se paga no financiamento“, explica.