Vereador de Trindade manda homem “virar gay” para escapar da acusação de estupro

Vereador de Trindade manda homem “virar gay” para escapar da acusação de estupro

Um áudio vazado em grupos de WhatsApp, atribui ao vereador Edson Cândido de Sousa(PDT), uma conversa em que estaria comemorando ter enganado uma promotora de Justiça e uma juíza ao ensinar a um cliente acusado de ter relações sexuais com uma adolescente de 14 anos a se passar por homossexual para se livrar da cadeia. No áudio, o vereador estaria conversando com o assessor Eloísio de Matos Bonfim.

“O cara pegou a mulher do cara (vizinho) e a filha, moço, óia só”, teria dito Edson ao assessor. Em meio a risos e comentários sobre o que o cliente teria feito, ele explica a Eloísio como teria orientado o cliente. “Então, assim, eu falei, cara, o único jeito de você sair agora (é dizendo que) você virou viado, você é gay”.

Durante a gravação, o advogado/vereador não cita o nome completo da promotora, nem o da juíza, ou o da comarca onde aconteceu o julgamento do réu, mas comemora que o cliente foi absolvido com a estratégia adotada pela defesa. Os dois ainda fazem comentários sobre o fato da vítima de 14 anos ser alta e que isso teria ajudado o cliente. Ambos ser referem à ela como mulher e gigante.

Ao ser procurado pelo Diário do Estado, o vereador Edson Cândido, que também é comunicador, atribuiu o vazamento do áudio a uma estratégia para prejudicá-lo politicamente, já que é pré-candidato a deputado. Ele disse que a gravação de uma conversa que teve com o assessor e outra pessoa foi feita sem que ele soubesse e que teria sido utilizada em uma tentativa de extorsão.

Segundo o vereador, o bate-papo durou mais de 40 minutos e o trecho apresentado à imprensa, e que foi espalhado em grupos de WhatsApp, tem menos de 2 minutos e se refere a determinado momento em que ele faz analogia ao vereador do Rio de Janeiro, Gabriel Monteiro (PL), a quem defende, dizendo que ele não teria cometido crime algum. O youtuber e vereador do RJ é acusado de filmar e manter relações sexuais com uma adolescente em vídeos que circulam pela Internet e de acariciar uma criança.

Vereador disse ainda que era melhor ser ”gay” do que ir para a cadeia por causa de estupro. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

O vereador, após a entrevista por telefone na tarde desta sexta-feira, 10, fez um Registro de Atendimento Integrado (RAI), acusando Leoni Resende Machado dos crimes de calúnia e perseguição, atribuindo a ele a divulgação do áudio. Segundo o que disse na ocorrência, ele e o assessor faziam uma ligação em grupo, conversando inicialmente temas políticos, abordando os cenários municipal e estadual.

Em determinado momento, falam sobre o vereador do Rio de Janeiro acusado por “suposto crime envolvendo uma menor; assim Edson Cândido de Sousa vem a defender uma opinião, acreditando que Gabriel Monteiro não seria culpado pelo delito imputado”, diz a ocorrência.

Edson argumenta, no texto do documento policial, que “dentro de sua carreira como advogado (sem citar nomes) já defendeu um cliente que respondia por crime de ato libidinoso, o qual o pai da adolescente imputava o crime a este cliente tentando prejudica-lo; e no meio da conversa vem Edson a dizer que

“é preferível o cara dizer que é boiola do que cair na cadeia com um crime deste”.

O assessor do vereador, professor Eloísio, também fez um RAI expondo o vazamento da conversa, contudo, o documento traz poucos detalhes do que teria acontecido. Ele denuncia que o comunicador Leo Machado teria enviado áudio em um grupo de WhatsApp perguntando se ele era pedófilo, mas diz que isso teria ocorrido com o intuito de difamar sua imagem. Leo Machado é o comunicador Leoni Resende acusado pelo vereador. O Diário do Estado tentou contato telefônico com Leoni, mas o celular cai direto na caixa de mensagens. Pelas redes sociais, ele aparece internado com pancreatite.

“Defensor” da Criança e do Adolescente

Edson Cândido é membro da Comissão de Diretos da Criança e do Adolescente, Direitos Humanos, Assistência Social, Agricultura e Pecuária da Câmara Municipal de Trindade. O Diário do Estado tentou contato telefônico com o presidente da comissão, vereador Cleyton Campos Domingues, mas a funcionária da Câmara Municipal de Trindade informou que ele não estava na Casa. O presidente da Câmara, vereador Weslley Silveira Bueno, também foi procurado, mas não estava no Legislativo, nem atendeu as ligações feitas ao celular.

Ouça o áudio

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Quatro estudantes da PUC-SP são desligados após se envolverem em atos racistas durante jogo

Quatro estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram desligados de seus estágios em escritórios de advocacia após um vídeo viralizar nas redes sociais, mostrando atos de racismo e aporofobia cometidos durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais. O incidente ocorreu no último sábado, 17, em Americana, interior de São Paulo. Nos registros, os alunos ofenderam colegas da Universidade de São Paulo (USP), chamando-os de “cotistas” e “pobres”.

As demissões foram confirmadas por meio de notas oficiais enviadas às redações. O escritório Machado Meyer Advogados, por exemplo, anunciou a demissão de Marina Lessi de Moraes, afirmando que a decisão estava alinhada aos seus valores institucionais, com o compromisso de manter um ambiente inclusivo e respeitoso. O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi também confirmou a dispensa de Matheus Antiquera Leitzke, reiterando que não tolera práticas discriminatórias em suas instalações. O Castro Barros Advogados fez o mesmo, informando que Arthur Martins Henry foi desligado por atitudes incompatíveis com o ambiente da firma. O escritório Pinheiro Neto Advogados também comunicou que Tatiane Joseph Khoury não faz mais parte de sua equipe, destacando o repúdio ao racismo e qualquer forma de preconceito.

Repercussão do caso

O episódio gerou forte indignação nas redes sociais e foi amplamente criticado. O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os alunos da Faculdade de Direito da USP, se manifestou, expressando “espanto, indignação e revolta” com as ofensas racistas e aporofóbicas proferidas pelos alunos da PUC-SP. A instituição ressaltou que o incidente representou uma violência contra toda a comunidade acadêmica.

Em resposta, a reitoria da PUC-SP determinou a apuração rigorosa dos fatos pela Faculdade de Direito. Em comunicado, a universidade afirmou que os responsáveis serão devidamente responsabilizados e conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. A PUC-SP reiterou que manifestações discriminatórias são inaceitáveis e violam os princípios estabelecidos em seu Estatuto e Regimento.

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