Vereador expõe viatura descaracterizada da GCM em viagens a SP; secretária leva caso à polícia

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Vereador expõe viatura da GCM descaracterizada em viagens a São Paulo e
secretária leva caso à polícia

Alisson Sales (PL) divulgou imagens de uma viatura descaracterizada da Guarda
Municipal, supostamente usada em viagens a São Paulo em 2024, e questionou
possível abuso de poder. Em resposta, a secretária de Segurança, Raquel
Gallinati, protocolou representação pedindo inquérito por violação de segredo
funcional, difamação e perseguição.

O vereador Allison Sales (PL) e Raquel Gallinati, secretária de Segurança
Pública de Santos, no litoral de São Paulo, entraram em um embate que foi parar na polícia. O
parlamentar expôs imagens de uma viatura da Guarda Civil Municipal
descaracterizada e cobrou esclarecimentos sobre um suposto abuso de poder e
desvio de finalidade. Em resposta, Raquel pediu a abertura de um inquérito para
investigar a conduta de Allison, em relação a violação de segredo funcional,
difamação e perseguição.

As fotos da viatura foram publicadas na rede do parlamentar e, durante uma
sessão na terça-feira (8), ele apresentou um requerimento para a convocação da
secretária, que foi votado e negado pelos demais vereadores.

Na ocasião, Allison questionou quem foi o servidor responsável por conduzir a
viatura em diversas viagens a São Paulo, em 2024. Ele também solicitou
informações de GPS, pedágio, quilometragem, gasolina do veículo.

“Hoje, após as denúncias e cobranças aqui que a gente vem fazendo, na segurança
pública, essa viatura já está toda adesivada”, disse o vereador aos demais
parlamentares quando propôs a convocação de Raquel.

Vereador Allison Sales (à esq.) e secretária de segurança pública de
Santos, Raquel Gallinati (à dir.)

A publicação das imagens da viatura descaracterizada e das cobranças feitas a
Raquel motivaram uma resposta da secretária nas redes sociais, onde ela aparece
com um documento sobre o protocolo aberto na Polícia Civil.

Segundo Raquel, os advogados entendem, em tese, a prática dos seguintes crimes
na conduta do vereador:

– Violação de segredo funcional: “No acesso de pessoas não autorizadas a
informações do sistema restrito e sigiloso da polícia, da rotina profissional
e pessoal de integrantes da segurança pública municipal. Artigo 325 do Código
Penal, o que expõe a grave risco os policiais.
– Difamação contra uma funcionária pública no exercício de sua função:
“Inclusive com o uso das redes sociais. Artigo 140, inciso 2º e parágrafo 3º
do Código Penal”.
– Crime de perseguição: “Configurada pela repetida tentativa de difamação
pública mentirosa através de mentiras. E o que é mais grave, porque como
delegada de polícia e secretária de segurança pública municipal, eu tenho um
histórico real de ameaças de morte, incluindo uma investigação que resultou
no indiciamento, denúncia criminal do autor que foi identificado, além de
ameaça recentes”.

O vereador Alisson Sales informou ao DE que viu e gravou, no ano passado, uma
viatura descaracterizada no bairro Ponta da Praia, acompanhada por motos da
Ronda Ostensiva Municipal (Romu).

Ao assumir o mandato neste ano, recebeu denúncias sobre o uso do veículo e
passou a investigar um suposto abuso de poder ou desvio de finalidade.

O parlamentar ressaltou que não apontou nenhum servidor específico, apenas
queria apurar se houve uso indevido do carro oficial. Mesmo assim, disse ter se
surpreendido com a representação protocolada por Gallinati.

A secretária, que também é delegada de polícia, afirmou ao DE ter utilizado o
carro de forma legal para compromissos profissionais, em um período no qual
sofria ameaças de morte. Segundo ela, o vereador comprometeu a segurança dela e
de outros servidores ao expor a placa e informações sigilosas da viatura nas
redes sociais.

Todos os secretários municipais, aliás, servidores, têm possibilidade de ter
carros oficiais no trajeto casa, trabalho e compromissos profissionais, disse.
Reuniões com a sociedade civil, enfim, compromissos relacionados à Secretaria
de Segurança Pública municipal de Santos, afirmou.

A secretária Raquel explicou à equipe de reportagem que a utilização das
viaturas para deslocamentos é uma estratégia que desenvolveu para a preservação
da vida dos servidores públicos.

Eu faço o máximo para potencializar os recursos disponíveis a mim. Então,
existe a utilização deste veículo, também, como escolta com o meu veículo
particular blindado […]. Eu não usei os recursos da secretaria municipal para
gastar numa proteção, afirmou.

Raquel apontou que vereadores não detêm certas prerrogativas, como acesso ao
portal governamental Muralha Paulista. De acordo com ela, se o parlamentar
tivesse seguido os trâmites legais, diante de possíveis desconfianças, ela não
se oporia a um convite dos vereadores para esclarecer a situação.

Esses dados sigilosos que estão, justamente, protegidos por um sistema
policial reservado exclusivamente para investigações criminais, foram
divulgados na internet pelo vereador, afirmou. A gente está falando de um
veículo que é utilizado por mim ou pela minha escolta, e muito mais até pela
minha escolta.

O DE entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São
Paulo (SSP-SP) para informações sobre o caso, mas não obteve retorno até a
última atualização da reportagem.

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