Vetado PL que obriga audiência pública prévia a aumento de tarifa de ônibus

“O governador disse que é inconstitucional, mas esse é um argumento sem respaldo jurídico porque a matéria foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e Redação (CCJ). Agora vamos lutar para derrubar o veto”

Um Projeto de Lei (PL) que tornava obrigatória a realização de audiências públicas para determinação de reajustes em tarifas do transporte coletivo recebeu veto integral do governador José Eliton (PSDB) no último dia 19. A proposta, de autoria do deputado estadual Bruno Peixoto (MDB), que tornaria possível a participação da sociedade na decisão de aumentos, agora retorna à casa legislativa para uma nova votação, a qual tem poder de derrubar o veto.

O PL que retorna para a Casa na forma do Autógrafo de Lei 133/2018 foi aprovado em sua primeira apreciação no plenário por unanimidade. Na ocasião, 31 dos 41 deputados estavam presentes. Entre as justificativas “técnicas” apontadas pelo governo no documento está o Despacho n° 204/2018, emitido pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE). “Audiência pública não é o momento e nem o meio adequado para tomar decisão a respeito da comprovação do cumprimento das obrigações contratuais”, consta no texto. Segundo o documento, audiência são instrumentos de diálogo e não de “decisão sobre tema complexo”.

A Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR) também foi contrária à sanção. No Despacho 702/2018, o órgão considera o projeto “confuso sob o aspecto técnico, ao tentar relacionar itens que não dizem respeito a reajuste e revisão ordinária ou extraordinária das tarifas de serviço público de passageiros no Estado de Goiás”. Além disso, Eliton considerou o texto do PL inconstitucional, mas, Peixoto discorda. “O governador disse que é inconstitucional, mas esse é um argumento sem respaldo jurídico porque a matéria foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e Redação (CCJ). Agora vamos lutar para derrubar o veto”, ressaltou.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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