Vício em game pode ser mais que isso e estar ligado à depressão

Vício em game pode ser mais que isso e estar ligado à depressão

A pandemia trouxe à tona o distúrbio de games, popularmente conhecido como vício em game. A doença foi reconhecida oficialmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em fevereiro útlimo. Uma versão atualizada da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), publicada em janeiro, define o problema como “um padrão de comportamento caracterizado pela perda de controle sobre o tempo de jogo, aumentando a prioridade dada ao jogo em relação a outras atividades ou insistência no jogo apesar da ocorrência de consequências negativas.”

“A pandemia exigiu muito de todos nós. Os adultos se deprimem muitos, imagina os adolescentes que estão em formação. Para eles, ir para o virtual foi um refugo”, relatou a médica psiquiatra Elen Cristina Batista de Oliveira.

Conforme a psiquiatra, durante o período crítico as crianças e adolescentes ficaram privadas de suas atividades e principalmente de sair de casa. Com isso, eles foram ‘obrigados’ a se relacionar através do virtual. Porém, não era esperado que esse virtual fosse os games.

“O esperado era que eles fossem se relacionar pelas redes sociais, Instagram e Whatsapp. Mas eles foram para esse ambiente avatar, que é mais preocupante. Porque o avatar réplica a vida física e os jovens têm dificuldades de diferenciar os dois, porque o cérebro não está maduro o suficiente”, explicou Elen.

Prejuízos do vício

Segundo a psiquiatra, o diagnóstico de vício é dado quando os prejuízos afetam de forma significativa a vida do gamer. No caso de adolescentes, o prejuízo pode impactar nas áreas familiar e social ao longo de pelo menos 12 meses.

“A gente fala de vício menos pela quantidade de tempo que a pessoa joga e mais pelo prejuízo que essa dedicação ao jogo causa nesta pessoa. Por exemplo, quando esse adolescente ou jovem adulto deixa de fazer outras atividades para jogar, ela deixa de estudar e socializar. É quando o jogo começa a ganhar uma relevância maior do que as outras atividades”, explicou a psiquiatra.

Ainda de acordo com a médica, outro sinal a ser observado é a tolerância, fissura e abstinência. Ou seja, a necessidade e jogar cada vez mais para ter a mesma sensação, o desconforto quando existe privação ao jogo e quando tem uma vontade intensa de jogar. É quando a diversão começa a fazer mal.

Como aconteceu com Felipe, de 10 anos, de acordo com a mãe dele, Kelly Cristina, o menor se isolou e não socializou fora do virtual.

“Esse vício atrapalhou ele em tudo. Ele não fazia amizade, ele se afastou da família, vivia só dentro do quarto para jogar e amigos para ele eram só as pessoas do jogo, que ele nem conhecia. Ele deixava de sair para jogar. Quando ele ficava sem o jogo, ficava agressivo. Até quando eu restringi uma vez o jogo, ele quase entrou em depressão. Pra ele o jogo era tudo”, contou Kelly.

Diante disso, a mãe do menino procurou ajuda profissional. Atualmente, ele joga, mas de forma saudável.

Vale ressaltar que o vício em games não está relacionado apenas aos aparelhos como vídeo games, mas também a celulares e tablets que permitem que a pessoa tenha acesso a jogos.

Restrição pode agravar quadro

De acordo com Elen, ao identificar o vício o gamer não deve ser privado totalmente do jogo. O ideal é procurar ajuda de psicólogos, psiquiatras. Além do mais, uma ruptura brusca pode acarretar em um agravo do caso ou desencadear outros distúrbios.

“A pessoa precisa aprender a desenvolver essa atividade de maneira não compulsiva. Porque essa atividade pode também ser uma atividade prazerosa e também fazer com que o adolescente interaja com outras pessoas. Então restringir essa atividade pode ser muito doloroso… Se ele não aprender a jogar de maneira saudável, pode desenvolver outros comportamentos compulsivos.

Fuga de problemas emocionais

A médica ressalta, que o vício pode ser uma fuga para problemas emocionais. Como a criança ou adolescente, na maioria das vezes, não sabe lidar com as emoções, ele acaba por camuflar o desconforto emocional com o jogo. Por isso, é importante identificar comportamentos que estão fora do habitual.

“Eu estou sentindo uma tristeza, um vazio, uma solidão e o jogo é muito atrativo, ele tem muitas imagens, muitos sons. Então o mundo físico está aversivo, mas o virtual está muito atrativo, aí eu manejo todo esse desconforto emocional para o jogo”.

Por isso, é importante que o vício seja tratado com multiprofissionais para que esse menor aprenda a lidar com suas emoções e assim não fique vulnerável a outros vícios.

“Se eu não trato dessa maneira disfuncional de lidar com essas emoções, eu vou fazer isso de outra forma, usando outros comportamentos. Eu vou para outros vícios como o cigarro, álcool e etc…”, ressaltou a psiquiatra.

Ainda de acordo com ela, o vício pode estar relacionado a processos depressivos.

“É muito comum essa aproximação de casos de depressivos com vícios em videogames e internet porque o mundo virtual vai se tornando mais atrativo, porque o mundo ‘real’ é muito aversivo, muito dolorido”, relatou.

Diante disso, a Elen alerta “Não é porque o filho está quietinho em casa que está tudo bem. Ele está em casa, mas ele está interagindo? Ele está só no quarto? O que ele está fazendo dentro do quarto? Porque existe uma demora para procurar ajuda porque o filho está em casa. Então é preciso observar o comportamento do adolescente, por esse vício pode estar relacionado a um quadro depressivo e exige tratamento.”

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Quatro estudantes da PUC-SP são desligados após se envolverem em atos racistas durante jogo

Quatro estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram desligados de seus estágios em escritórios de advocacia após um vídeo viralizar nas redes sociais, mostrando atos de racismo e aporofobia cometidos durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais. O incidente ocorreu no último sábado, 17, em Americana, interior de São Paulo. Nos registros, os alunos ofenderam colegas da Universidade de São Paulo (USP), chamando-os de “cotistas” e “pobres”.

As demissões foram confirmadas por meio de notas oficiais enviadas às redações. O escritório Machado Meyer Advogados, por exemplo, anunciou a demissão de Marina Lessi de Moraes, afirmando que a decisão estava alinhada aos seus valores institucionais, com o compromisso de manter um ambiente inclusivo e respeitoso. O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi também confirmou a dispensa de Matheus Antiquera Leitzke, reiterando que não tolera práticas discriminatórias em suas instalações. O Castro Barros Advogados fez o mesmo, informando que Arthur Martins Henry foi desligado por atitudes incompatíveis com o ambiente da firma. O escritório Pinheiro Neto Advogados também comunicou que Tatiane Joseph Khoury não faz mais parte de sua equipe, destacando o repúdio ao racismo e qualquer forma de preconceito.

Repercussão do caso

O episódio gerou forte indignação nas redes sociais e foi amplamente criticado. O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os alunos da Faculdade de Direito da USP, se manifestou, expressando “espanto, indignação e revolta” com as ofensas racistas e aporofóbicas proferidas pelos alunos da PUC-SP. A instituição ressaltou que o incidente representou uma violência contra toda a comunidade acadêmica.

Em resposta, a reitoria da PUC-SP determinou a apuração rigorosa dos fatos pela Faculdade de Direito. Em comunicado, a universidade afirmou que os responsáveis serão devidamente responsabilizados e conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. A PUC-SP reiterou que manifestações discriminatórias são inaceitáveis e violam os princípios estabelecidos em seu Estatuto e Regimento.

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