Entenda como é a vida de quem mora na maior favela sobre palafitas da América Latina
DE Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que viver sobre a palafita “é
a forma mais degradante de um ser humano morar” durante discurso em Santos (SP).
Dique da Vila Gilda fica localizado às margens do Rio dos Bugres, na Zona
Noroeste da cidade.
Um fotógrafo visitou o maior aglomerado de palafitas da América Latina, o
Dique da Vila Gilda, por seis meses para registrar o cotidiano dos moradores.
Riscos de incêndio, problemas socioambientais e senso de comunidade fazem parte do cotidiano dos moradores da maior favela de moradias sobre as águas da América Latina, o Dique da Vila Gilda, em Santos, no litoral de São Paulo.
Durante uma visita à cidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que viver sobre a palafita “é a forma mais degradante de um ser humano morar”. Lula inclusive propôs um pacto ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para dar uma resolução ao problema.
De acordo com a prefeitura, o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) de 2022 apontou que 3,5 mil famílias vivem no Dique da Vila
Gilda, localizado às margens do Rio dos Bugres, na Zona Noroeste da cidade. Conforme apurado pelo DE, há barracos com 10 a 15 moradores.
O Rio dos Bugres é o segundo mais poluído por microplásticos do mundo, segundo estudo.
As palafitas são feitas de estacas de madeira utilizadas para sustentar moradias construídas sobre a água. A maioria das habitações do aglomerado foram feitas do mesmo material, o que oferece os seguintes riscos aos moradores:
Maré: A instabilidade causada pela maré alta do rio causa avarias nas
moradias. O mesmo fator também atrapalha a locomoção dos munícipes, já que as
ruas são ligadas por tábuas de madeira e outros materiais improvisados.
Fogo: Incêndios são ocorrências comuns no dique.
Há ainda questões socioambientais envolvidas na região, como a falta de
segurança e o despejo de lixo doméstico nas águas. O Rio dos Bugres é considerado o segundo mais poluído por microplásticos do
mundo. A exposição a esses poluentes pode ser cancerígena e está associada a outros problemas de saúde.
Durante seis meses, o fotógrafo Felipe Beltrame esteve no Dique da Vila Gilda para
conviver com a comunidade e registrar o cotidiano dos moradores em uma série de fotos. Ele destacou o senso de comunidade e solidariedade como aspectos marcantes do local.
Durante o lançamento do edital do Túnel Santos-Guarujá no Parque Valongo, Lula citou vontade política para resolver a situação das moradias nas palafitas. O presidente e o governador Tarcísio de Freitas discutiram propostas para acabar com as palafitas e oferecer alternativas habitacionais dignas aos moradores.
O projeto Parque Palafitas tem como objetivo construir 60 unidades habitacionais no Dique da Vila Gilda. As obras devem ser concluídas em junho de 2026, proporcionando melhores condições de moradia e contribuindo para a recuperação ambiental da região.