Última atualização 28/10/2021 | 20:58
Era tarde de um domingo(24), quando Júlio Cesar Martins (19), foi baleado, em Anápolis. “O menor de idade passou a arma para outro rapaz que era maior e ele atirou no Júlio Cesar, ele tentou correr mas caiu quando um tiro acertou na cabeça”, relata Vitoria Vargas (19), esposa de Júlio Cesar. A Jovem conta que o socorro foi acionado porém chegou apenas duas horas depois.
“A gente foi pro hospital de urgência de Anápolis, chegou lá eles fizeram pouco caso do Júlio Cesar. Ele ficou horas gritando de dor e perdendo sangue. Eles falaram que lá não tinha vaga e tínhamos que esperar até três semanas até surgir uma vaga em Goiânia”, relatou Vitoria.
Revoltada com a situação, Vitoria gravou um vídeo e divulgou nas redes sociais pedindo ajuda, logo o vídeo teve muitos compartilhamentos e segundo Vitoria, Júlio Cesar conseguiu uma vaga no Hospital de Urgência de Goiânia (Hugo). “O povo de Anápolis falou ‘ você só está indo para Goiânia porque você divulgou o vídeo'”, afirma Vitoria.
Júlio Cesar deu entrada no Hugo, às 22:00 do domingo (24), e foi informado que não havia necessidade de fazer cirurgia no mesmo dia. Vitoria relata que disseram para ela que ele seria operado na segunda-feira (25), às 7h da manhã.
“A gente ficou em uma sala de revisão, onde as pessoas ficam antes do médico dizer o que será feito com aquele paciente. Deu 7h [na segunda-feira (25) e nada, ele ficou mais de 24h sem comer nem beber esperando para fazer a cirurgia”, conta Vitoria.
Atendimento
Vitoria afirma que quando pedia informações as pessoas se estressavam com ela e pedia para ela sair do hospital pois estaria “estressando todo mundo”. A jovem relatava que o esposo gritava de dor e ninguém fazia nada e ele ainda foi repreendido pelas enfermeiras. “Elas diziam para ele para de gritar porque se não ninguém ia ajudar ele”. “Ninguém deu uma injeção para parar a dor ou um remédio”, conta.
Na terça feira (26), Vitoria afirma que Júlio Cesar foi transferido para a enfermaria masculina, onde também ninguém se mobilizou para ajudar o jovem. “Eu fiz outro vídeo, onde mostra as enfermeiras sentadas enquanto ele gritava de dor e o ouvido dele sangrando”.
Tratamento
Júlio Cesar foi atingido por 4 balas, uma delas atingiu a coluna do rapaz. De acordo com Vitoria, nesta quarta-feira (27), uma médica lhe informou que não será possível realizar a cirurgia por risco de lesões irreversíveis. Júlio está paralisado da cintura para baixo e, de acordo com Vitoria, apenas fisioterapia pode fazer ele andar de novo.
“A nossa preocupação agora é a cabeça, porque ele perdeu o olho totalmente e tem que refazer o olho. Ninguém aqui dá explicação de nada. Ele tem uma bala na cabeça, chora de dor e ninguém fala nada. Ninguém faz um curativo nele, ninguém se preocupa”, desabafa Vitoria.
O casal não está empregado e segundo Vitoria, não tem condições de arcar com os gastos que virão após ele fizer os tratamentos necessários. “Eu estou fazendo tudo que eu posso para ajudar ele. Mas não tenho como arcar com as coisas que ele vai precisar de fisioterapia, oftalmologista e medicamentos. Aqui ninguém me dá um posicionamento de nada”, afirma a jovem.
Segundo Vitoria, durante esse período que ele está internado, Júlio Cesar não recebeu nenhuma bolsa de sangue. “Está amarelo, vários dias sangrando de mais e o olho todo roxo”, destaca ela. Vitoria pede ajuda para conseguir uma cadeira de rodas para o esposo e uma cadeira de banho e com os futuros gastos que terá com fisioterapia e oftalmologistas.
Confira o vídeo:
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