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Vídeo: PC vai investigar influencer de Anápolis que fez vídeo sobre vaga para autistas

Última atualização 15/06/2022 | 16:39

Os vídeos da influenciadora digital de Anápolis, Larissa Rocha, onde aparece zombando de vagas exclusivas para autistas do estacionamento de um shopping, em Goiânia, vem causando polêmica e gerando revolta em especialistas e entidades. Os comentários foram postados nesta-terça (14) em um grupo de amigos próximos, mas acabou vazando e ganhou força na internet, segundo a maquiadora.

Nas filmagens, ela questiona quando “vai ter vaga para gordo estressado”, além de dizer que confundiu as vagas de autistas pensando que fossem para “veados”. Durante a gravação, ela chegou a ser interrompida pela mãe, mas continuou com os comentários. A Polícia Civil (PC), por meio do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), instaurou um inquérito para investigar se a influencer ofendeu os autistas, as causas LGBTQIA+ e obesos. Nesta semana serão ouvidas testemunhas e na semana a corporação deve ouvir a mãe e a influenciadora.

Desrespeito

Para a advogada Fabiana Dias, que faz parte da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de associações voltadas a defender pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), as falas de Larissa configuram o crime de descriminação. Ela que também é mãe de uma criança autista, de 9 anos, repudia o ato da jovem, dizendo que as vagas exclusivas são de extrema importância para a população que possui o transtorno.

Fabiana explica ainda que essas vagas, normalmente, ficam localizadas em áreas estratégicas, próximas à porta de entrada de shoppings e supermercados, a fim de facilitar o acesso a esses estabelecimentos. A mulher ainda afirma que é um direito do autista ter uma vaga especial nos estacionamentos, mesmo que não sejam os condutores do veículo.

“Alguns autistas não conseguem esperar, não conseguem mudar de rotina, não conseguem obedecer a comandos simples. Imagina uma família tentando ter um momento de lazer ou até mesmo por necessidade de ir ao supermercado, não localiza a vaga para estacionar, e consequentemente, gera uma crise no autista? Para que isso se podemos evitar? Todos os dias temos casos assim, infelizmente as pessoas enxergam o próprio umbigo”, explicou.

Corriqueiro

A advogada desabafa dizendo que crimes envolvendo preconceito contra pessoas com autismo são comuns e que já chegou a passar por momentos constrangedores na companhia do filho, André Luiz. Ela também pede mais respeito e consideração para com as pessoas autistas.

“Organizamos para ir ao cinema e como de costume passamos em uma loja para comprar chocolate, ele super comportado, mas como de direito fui para fila preferencial. Ao ser chamada, uma moça com duas crianças aparentemente da mesma idade dele me questionou. Eu, por empatia, expliquei a situação, ela teve a audácia de dizer que desta forma iria falar que a filha era autista também, que na próxima vez eu deveria colocar uma placa no meu filho, porque ele não parecia ser autista. Juro que não queria precisar de usar a fila preferencial, mas se ele tem direito, vamos usufruir de todos”, concluiu.

 Nota influencer

Decidi vir, através dessa nota, pedir as mais sinceras desculpas pelos acontecimentos que estão repercutindo nas últimas horas. Me desesperei inicialmente com a repercussão da situação e com um bombardeio de mensagens revoltadas (com razão).

Agora, entendo que a forma que me senti com esse turbilhão ainda não chega perto do que muitas mães e outros grupos sentiram ao ouvir as palavras infelizes que pronunciei.

Refleti sobre toda a situação e quero me desculpar também por dizer se que tratou de uma brincadeira, feita exclusivamente em um grupo de melhores amigos com 18 pessoas. Isso também não justifica.

Minhas palavras não podem ser vistas como brincadeira e não deveriam ter sido ditas nem para mim mesma, imagine para um grupo de 18 pessoas. Acreditem, elas não me representam em nada.

Agradeço também às pessoas que, apesar de reprovarem a conduta e não terem nenhuma obrigação de me ensinarem nada, ainda tiraram um minuto do tempo delas para me enviar informações e materiais que me mostraram realidades diferentes das que eu já conheci.