Vídeo: Queiroga diz que não tem ‘carta branca’ com Bolsonaro
Nesta terça-feira (08), o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga prestou um novo depoimento à CPI da Covid, que apura ações do governo federal na pandemia. Ao ser questionado sobre sua autonomia na chefia da pasta, o ministro respondeu que não tem “carta branca”, e que o regime é “presidencialista”.
“Ele (Bolsonaro) me deu autonomia, mas não significa uma carta branca para fazer tudo que quero. O regime é presidencialista”, comentou Queiroga.
O ministro alegou ainda desconhecer a atuação de um “gabinete paralelo”, que oriente Bolsonaro em medidas de combate à covid. “Desconheço essa atuação em paralelo”, reforçou, mas admitiu conhecer Nise Yamaguchi, Carlos Bolsonaro, Carlos Wizard e Osmar Terra, que integrariam o suposto “gabinete”.
O médico também foi questionado por senadores sobre a distribuição de vacinas, a realização da Copa América no Brasil e sobre medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid, e disse que a nota quanto informativa do MS sobre prescrição do medicamento não foi retirada do site porque “faz parte da história” da pandemia.
Braga Netto tentou obter dados de delação de Mauro Cid
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de decretar a prisão do general Walter Braga Netto, na manhã deste sábado, 14, foi fundamentada pela tentativa de ele tentar obter detalhes da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, para a Polícia Federal em setembro do ano passado. Segundo a Polícia Federal, a ação pode ser caracterizada como obstrução de Justiça. As informações foram prestadas na última audiência de Mauro Cid à PF, no dia 21 de novembro.
A decretação da prisão, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, a investigação, conforme a Polícia Federal, demonstra que houve contatos de Braga Netto com o pai de Mauro Cid, o general Mauro César Lourena Cid.
“[Os contatos] tinham a finalidade de obter dados sigilosos, controlar o que seria repassado à investigação, e, ao que tudo indica, manter informado os demais integrantes da organização criminosa”, aponta a decisão de Moraes.
O ministro é relator do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Outro argumento aponta que a PF, no dia 8 de fevereiro deste ano, data da deflagração da operação “Tempus Veritatis”, encontrou papeis na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor de Braga Netto, que orientariam perguntas e respostas sobre delação de Mauro Cid.
“Foi identificado na sede do Partido Liberal (PL), sob a mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor do general Braga Netto, documento com perguntas e respostas acerca da colaboração premiada realizada pelo investigado Mauro Cid”.
Na decisão de Moraes, há trechos de como Cid informou à PF sobre as ações do general.
“Basicamente isso aconteceu logo depois da minha soltura, quando eu fiz a colaboração naquele período, onde não só ele como outros intermediários tentaram saber o que eu tinha falado”.
Dinheiro na sacola de vinho
Outra novidade que Mauro Cid trouxe, na audiência no último dia 21, foi sobre o financiamento das ações de forças especiais por parte de Braga Netto.
“O general repassou diretamente ao então Major Rafael de Oliveira dinheiro em uma sacola de vinho, que serviria para o financiamento das despesas necessárias à realização da operação”, apontou Cid.
Isso foi confirmado pela PF que descobriu a compra de celular e carregamentos de chip, com pagamentos em espécie em estabelecimento na cidade de Brasília.