Última atualização 08/10/2022 | 16:50
Três mulheres são indiciadas por racismo após enviarem áudios em grupo de WhatsApp xingando nordestinos e nortistas que moram em Cachoeira Alta, cidade localizada no Sudeste de Goiás. Os áudios tinham como objetivo ofender pessoas que votaram no candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), no 1ª turno da eleição presidencial.
Os xingamentos vieram das mulheres logo após descobrirem o resultado dos votos no domingo, 2, onde a cidade ficou praticamente dividida entre Jair Bolsonaro (PL), que teve 2.752 votos (47,24%), e Lula (PT), que obteve 2.718 votos (46,65%), uma diferença de 34 votos.
“Esses comedor de calango tinham que voltar para lá. Se eles gostam de calango, volta para lá. Vem atrapalhar a gente. Tem que mandar explodir aquela bosta, aquela parte do nordeste lá. Povo vagabundo, quer ficar vivendo de bolsa família de R$ 60”, diz uma das mulheres.
A conclusão do inquérito com os indiciamentos foi enviada ao Judiciário nesta última sexta-feira, 7. Os nomes das mulheres não foram divulgados pela polícia. Mas segundo o delegado Márcio Henrique Marques, uma das mulheres trabalha no Ministério Público, outra no Hospital Municipal de Catalão e a terceira em uma loja de materiais de construção.
Foi informado pelo Ministério Público que a Corregedoria-Geral do órgão tomou conhecimento da situação e apura a conduta da servidora.
Já a Prefeitura de Cachoeira Alta informou que a técnica de enfermagem foi afastada das funções, e repudia a tal ação, e que o município é um lugar para todos e para todos.
Discriminação
Nos áudios divulgados é possível ouvir uma das mulheres falar que os moradores do norte e nordeste comem calango e vêm para Goiás ‘andar de carro’. Ainda fala sobre a ocupação da cidade em que mora.
“A Cachoeira daqui 10 anos não tem cahoeiraltense mais. Nós vai ser a minoria aqui, negócio de 15, 20%. Porque a Cachoeira está cheia destes nortistas filhos da p… que tá comendo calango no sol do meio dia e vem para cá andar de carro, desfrutar da nossa estrutura. Lá eles vivem vida de cachorro”, disse uma das mulheres.
Elas foram indiciadas por racismo, pois diferente da injúria racial, o crime em que foram indiciadas atingem não só uma pessoa, mas sim um grupo de pessoas. A pena é de uma a três anos e multa.
Vídeo:
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