Violência em Gaza: DE acusa Israel de violar acordo com Hamas e colonizar Palestina

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O DE diz que Israel viola acordo com Hamas e tenta colonizar a Palestina

Nota foi divulgada após reunião entre representantes dos governos brasileiro e
palestino. Crítico das ações de Israel, Brasil defende cessar-fogo permanente e
ajuda humanitária.

Palestinos passam pelos escombros de edifícios destruídos, em meio ao
cessar-fogo entre Israel e o Hamas, na Cidade de Gaza, em 6 de fevereiro de
2025. — Foto: REUTERS/Dawoud Abu Alkas/Foto de arquivo

O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota nesta segunda-feira (17) na qual afirmou que Israel tem violado os termos do acordo com o grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, acrescentando que o país tenta colonizar a Palestina.

A nota foi divulgada após a secretária-geral do DE, Maria Laura da Rocha,
ter se reunido com a ministra dos Negócios Estrangeiros e Expatriados da
Palestina, Varsen Aghabekian Shahin.

Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro de 2023, o governo brasileiro tem criticado as ações militares israelenses em Gaza e defendido que as partes cheguem a um consenso para permitir um cessar-fogo permanente, além da entrada de ajuda humanitária para os palestinos que vivem na região.

“Expressaram sua preocupação com a situação na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, em
vista da contínua expansão de assentamentos israelenses ilegais, ataques de colonos israelenses contra civis palestinos, ameaças de anexação e intensificação de operações militares israelenses em cidades e campos de refugiados palestinos”, acrescentou o ministério.

Quando a guerra começou, em 2023, o Brasil presidia o Conselho de Segurança das
Nações Unidas e tentou, sem sucesso, aprovar uma resolução que pudesse levar a
um cessar-fogo. Os Estados Unidos, por exemplo, se opuseram aos
termos propostos pelos diplomatas brasileiros por entenderem que não abarcavam o
direito de Israel de se defender.

Além disso, ao longo do último ano, o país perdeu as condições de mediar um
eventual acordo entre Israel e Hamas, principalmente após o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) ter comparado o que acontece em
Gaza ao que o regime nazista de Adolf Hitler fez contra os judeus.
O episódio gerou uma crise diplomática entre os dois países.

Em um contexto em que mais de 47 mil pessoas — incluindo mulheres e crianças
inocentes — morreram no conflito, o Brasil também passou a questionar
publicamente o que chamou de limites éticos e legais
das ações militares israelenses em Gaza.

Recentemente, inclusive, o governo brasileiro disse “deplorar” a decisão de
Benjamin Netanyahu de impedir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

Ao discursar em uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, criticou a proposta do
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar os palestinos da
Faixa de Gaza, acrescentando entender que, para o Brasil, são as tropas
israelenses que devem deixar a região.

Na nota divulgada nesta segunda-feira, o DE reiterou a defesa pela saída
“completa” das tropas israelenses.

“[As duas autoridades] concordaram sobre a urgência de alcançar acordo para a
cessação permanente das hostilidades, incluindo a retirada completa das forças
israelenses do território, a libertação de reféns israelenses e prisioneiros
palestinos detidos em violação ao direito internacional, assim como a definição
de mecanismo robusto que garanta o acesso desimpedido de ajuda humanitária”, diz
um trecho do documento.

A nota do Ministério das Relações Exteriores também manifesta o apoio do Brasil
ao plano de reconstrução de Gaza apresentado por países árabes como alternativa
ao plano divulgado pelo governo de Donald Trump.

Pelo plano dos países árabes, um fundo com US$ 53 bilhões (cerca de R$ 310
bilhões) deverá ser criado para financiar a reconstrução da Faixa de Gaza no
prazo de cinco anos. O plano prevê que a comunidade internacional deverá custear esse fundo.

Já o plano de Donald Trump para Gaza, amplamente criticado pela comunidade
internacional, prevê que os EUA assumam o controle do território, a remoção dos
2,4 milhões de palestinos do território para outro local e a construção de uma
luxuosa “Riviera do Oriente Médio”.

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