O Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, foi cenário de um episódio de extrema violência e tensão envolvendo Lucas Fernandes de Sousa, conhecido como ‘Japa’, ex-praça do Exército Brasileiro e integrante de uma milícia armada na região de Paciência. Lucas cobrava dos comerciantes locais uma “taxa de segurança” semanal que variava entre R$ 20 e R$ 80. Após dar entrada no hospital com perfurações no abdômen e lesões de raspão, homens armados e encapuzados, ligados à milícia, invadiram a unidade em busca dele, culminando em momentos de pânico entre médicos, pacientes e funcionários.
Em 2019, Japa e um comparsa foram presos por extorsão e organização criminosa, após serem flagrados recolhendo valores em estabelecimentos locais. O delegado responsável pelas investigações relatou que a dupla agia com grave ameaça, coletando quantias entre R$ 20 e R$ 80, sem adquirir produtos nos comércios, sob a alegação de “taxa de segurança”. A operação da polícia resultou na apreensão de R$ 1.102,02 em espécie e na constatação de um esquema bem estruturado de extorsão, envolvendo rondas armadas para garantir o pagamento das taxas.
Além das extorsões, a investigação apontou que Japa também estava envolvido na exploração de atividades irregulares, como a “gatonet”, transporte irregular, jogos de azar e transporte público clandestino. O grupo miliciano ao qual ele pertencia era violento e intimidador, empregando armas de fogo de grosso calibre e buscando influenciar agentes públicos para manter seu poder. Apesar de inicialmente condenado a 12 anos e 10 meses de prisão, Japa teve sua pena reduzida em segunda instância e atualmente cumpre liberdade condicional em regime de Prisão Albergue Domiciliar.
A invasão armada ao Hospital Pedro II revelou a gravidade da situação, com homens armados rendendo seguranças e causando terror entre os presentes na unidade de saúde. A busca pelo paciente ferido colocou em risco a vida de todos no local, demonstrando a falta de segurança no estado do Rio de Janeiro. As autoridades policiais estão empenhadas em identificar e capturar os criminosos envolvidos na invasão, que ainda ameaçaram retornar para executar a vítima que tinham como alvo.
A ação criminosa no Hospital Pedro II trouxe à tona a realidade da atuação das milícias no Rio de Janeiro, apontando para a necessidade de medidas mais eficazes de combate a esse tipo de crime organizado. A presença de grupos armados e encapuzados em uma unidade de saúde pública revela o quão vulnerável está a população diante da violência que permeia determinadas regiões da cidade. A união de forças entre as diferentes esferas de segurança se faz urgente para proteger a vida e a integridade dos cidadãos e garantir a ordem pública.