Mulher contrai raiva humana após ser mordida por sagui; caso é o primeiro
confirmado em Pernambuco em oito anos
Paciente tem 56 anos e está internada no Hospital Oswaldo Cruz, em Santo Amaro,
no Centro do Recife.
1 de 1 Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), localizado na região central
do Recife — Foto: Pedro Alves/DE
Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), localizado na região central do
Recife — Foto: Pedro Alves/DE
Pela primeira vez em 8 anos, Pernambuco registrou um caso de raiva humana no
estado. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (9), pela Secretaria
Estadual de Saúde (SES). De acordo com o governo, a paciente é uma mulher de 56
anos, que foi atacada por um sagui.
A mulher é natural de Santa Maria do Cambucá, no Agreste. Ela tinha uma lesão na mão esquerda e, no dia 31 de dezembro de 2024, deu entrada no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), em Santo Amaro, no Centro do Recife. O local onde a paciente está internada é referência no atendimento de doenças infecto-contagiosas.
Nove dias depois da internação, na quarta-feira (8), um exame realizado pelo Instituto Pasteur confirmou a contaminação por raiva. Segundo a SES, na época em que foi internada, ela apresentava um quadro de dormência que se estendeu para o tórax. Além disso, ela também sofria de dores e fraqueza. No dia 2 de janeiro deste ano, ela teve piora significativa e foi intubada.
De acordo com a Universidade de Pernambuco (UPE), responsável pelo Huoc, a paciente também apresentou quadro neurológico grave de agitação, além de insuficiência respiratória. Ela está sob sedação profunda e não tem sinais de infecção bacteriana secundária. Ainda segundo a UPE, a paciente “continua sendo monitorada pela equipe médica acerca de possíveis complicações da doença, seguindo com o tratamento e observando caso apareça algum aumento significativo dessas dificuldades”.
Segundo relatos da investigação do instituto, nos dias anteriores ao contato da paciente com o animal, ocorreram queimadas na região, que resultou na fuga do animal da mata.
A raiva humana é causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, que é encontrado geralmente em morcegos hematófagos, que se alimentam de sangue. De acordo com a SES, a taxa de letalidade é de 100%. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2010 e 2024, foram registrados 48 casos: nove causados por mordidas de cães; 24, por morcegos; seis, por primatas não humanos; dois, por raposas; quatro, por felinos; e um, por bovino. A doença pode ser transmitida ao ser humano pelo contato com saliva e secreções de mamíferos infectados, sejam eles cães, gatos, macacos, bovinos, porcos, além do próprio morcego, entre outros. Os sinais podem permanecer de 2 a 10 dias após o período de incubação.
Apesar da taxa de letalidade ser de 100%, em 2009, um adolescente pernambucano de 16 anos foi o primeiro brasileiro a se curar da raiva humana. Marciano Menezes da Silva estava dormindo quando foi mordido por um morcego e contaminado pela doença. Ele foi internado no Huoc, onde foi tratado. A prevenção contra a raiva pode ser feita por meio da vacinação. A vacina é administrada tanto em humanos quanto em animais de estimação.
De acordo com a UPE, em caso de agressão por animais silvestres, a primeira medida a ser tomada é procurar assistência médica para que seja realizada a profilaxia. O profissional de saúde vai analisar e decidir se é necessário tomar a vacina ou soro contra a raiva. Todos os anos, o governo realiza uma campanha de vacinação antirrábica. A imunização de cães e gatos é essencial para proteger os animais e evitar a transmissão do vírus para os seres humanos.