Última atualização 26/01/2022 | 17:10
Dilma Rousseff não será vice na chapa a presidência da República encabeçada por Lula. O petista descarta a possibilidade visando resultado nas urnas e um possível novo governo. A aliança estaria mais próxima do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ex-PSDB, apesar de rejeições internas em ambas as legendas.
“O tempo passou, tem muita gente nova no pedaço e eu pretendo montar o governo com muita gente nova, muita gente importante e com muita experiência também. A Dilma é uma pessoa pela qual eu tenho o mais profundo respeito e carinho. A Dilma tecnicamente é uma pessoa inatacável, tem uma competência extraordinária. Onde ela na minha opinião erra é na política”, afirmou o ex-presidente Lula à rádio CBN Vale do Paraíba nesta quarta (26).
Para muitos petistas a chapa Lula-Alckmin é tida como aberração pelo fato de o ex-tucano ter apoiado o impeachment de Rousseff, contrariar a linha partidária mais à esquerda e ser considerado dispensável para o retorno da legenda ao Executivo Federal. O processo de destituição presidencial de 2016, inclusive, foi considerado pelo ex-presidente resultado do comportamento apolítico da ex-apadrinhada.
“Ela não tem a paciência que a política exige que a gente tenha para conversar, para ouvir as pessoas, para atender as pessoas mesmo quando você não gosta do que as pessoas estão falando. Eu sou daqueles políticos que se o cara estiver contando uma piada que eu já sei, não vou dizer que já sei essa, não, conta outra vez. Tudo bem, se for necessário rir. Nisso eu acho efetivamente que cometemos um equívoco pela pressão em cima da Dilma (em 2016)”, ressaltou Lula.
No jogo de xadrez até agosto, quando termina o prazo para registro de candidaturas, muitas considerações serão feitas pelos atores políticos e siglas. A liderança de Lula em relação a Bolsonaro apontada pela mais recente pesquisa Datafolha pode ser invertida totalmente se o racha interno persistir, assim como o estranhamento do próprio eleitor com a dupla aliada. No vale tudo pela vitória nas urnas, o petista reconheceu as diferentes perspectivas entre eles ponderando que a máxima de que os fins justificam os meios.
Em entrevista a alguns sites, ele disse não ter problemas em montar uma chapa com Alckmin para ser eleito. No entanto, há outra questão subjacente à escolha do vice-presidenciável. Os nomes na disputa para os governos estaduais dependem de unanimidade entre partidos numa federação. O problema é que algumas siglas na esfera estadual defendem candidaturas próprias e em oposição ao PT no Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e em São Paulo. Entre os petistas paulistas, por exemplo, Haddad é candidato e não há negociações quanto a isso.