Feridas, dores e depressão: paciente revela sequelas após ter glúteos deformados por biomédica em procedimento estético
Mulher passou por um procedimento chamado “pump de glúteos” em 2023. A biomédica Lorena Marcondes acumula três condenações por procedimentos estéticos e ainda será julgada pela morte de paciente após lipoaspiração.
A paciente que teve os glúteos deformados após um procedimento estético realizado pela biomédica Lorena Marcondes, em Divinópolis, relatou uma série de sequelas físicas e emocionais que ainda enfrenta. O caso aconteceu em abril de 2023 e resultou na condenação da profissional, que pode recorrer da decisão. O Diário do Estado tenta localizar a defesa da biomédica.
Segundo os laudos médicos anexados ao processo, a vítima ficou incapacitada para o trabalho por mais de 30 dias e teve deformidade permanente nos glúteos, com cicatrizes visíveis mesmo um ano após o procedimento. A região necrosou e apresentou infecção cutânea, exigindo internações no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte.
A paciente, que trabalhava como nail designer em Nova Serrana, afirmou que precisou fechar o negócio por não conseguir permanecer sentada por longos períodos. Disse ainda que passou a evitar roupas jeans, praias e piscinas por vergonha de usar biquíni e mostrar as marcas deixadas no corpo. Além das dores físicas, ela relatou ter desenvolvido depressão e precisou iniciar tratamento psiquiátrico.
De acordo com a sentença, Lorena apresentou à paciente um procedimento chamado “pump de glúteos”, que supostamente retiraria celulites e daria firmeza às nádegas. No dia do procedimento, a profissional pediu que a vítima se deitasse de costas e olhasse apenas para frente, impedindo que visse o que estava sendo feito. Nos autos, consta que a paciente “tinha certeza que Lorena usou cânulas, pois sentiu muita dor e teve a sensação de que algo penetrava profundamente o músculo da nádega”.
Devido a esse caso, Lorena foi condenada pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Divinópolis por lesão corporal grave e exercício ilegal da medicina. Conforme a decisão, publicada em 1º de julho de 2025, a biomédica deve cumprir 4 anos e 1 mês de reclusão em regime semiaberto, além de 8 meses e 5 dias de detenção em regime aberto. Ela também foi condenada ao pagamento de multa e terá os direitos políticos suspensos enquanto durar a pena.
O nome da biomédica Lorena Marcondes ganhou repercussão nacional após a morte da paciente Íris Martins, em maio de 2023, durante uma lipoaspiração realizada em sua clínica, em Divinópolis. A tragédia levou à interdição do local pela Vigilância Sanitária e à prisão preventiva da profissional. Desde então, Lorena passou a ser alvo de outras denúncias por procedimentos estéticos realizados sem habilitação legal, sendo condenada em dois casos.