Viúva de condutor falecido em tragédia do bondinho relembra: ‘A vida não é a mesma’, em Santa Teresa 2011

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‘A vida não é a mesma’, diz viúva de condutor morto em tragédia com bondinho em Santa Teresa em 2011

Tragédia de agosto de 2011 em que 6 pessoas morreram foi lembrada após acidente em Portugal que deixou 16 mortos.

1 de 5 Nelson Correa da Silva, condutor do bondinho que morreu em acidente em 2011, é homenageado em mural no Largo do Curvelo — Foto: Cristina Boeckel/ de

Nelson Correa da Silva, condutor do bondinho que morreu em acidente em 2011, é homenageado em mural no Largo do Curvelo — Foto: Cristina Boeckel/ de

Todo mês de agosto, as memórias de Dulce Araújo da Silva se tornam mais dolorosas. Ela lembra com mais frequência do marido, o motorneiro Nelson Correa da Silva, que morreu no acidente com o bondinho de Santa Teresa, na região central do Rio, em 2011. Além de Nelson, outras 5 pessoas morreram e 57 ficaram feridas. [https://de.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/08/27/dez-anos-apos-bonde-de-santa-teresa-tombar-e-matar-6-pessoas-ninguem-foi-preso-e-moradores-reclamam-do-servico-hoje.ghtml]

> “Mudou tudo. Sem ele, tudo mudou. Nada é a mesma coisa. A vida não é a mesma”, destacou Dulce.

A tragédia do acidente com o bondinho de Santa Teresa foi novamente lembrada após o acidente com um bondinho em Lisboa na quarta-feira (3) , quando 16 pessoas morreram. [https://de.com/mundo/noticia/2025/09/04/numero-de-mortos-em-descarrilamento-de-bondinho-em-lisboa.ghtml]

Os bondinhos são o maior símbolo do bairro e as imagens deles, estilizadas de várias formas, estão em vários pontos de Santa Teresa. A imagem do condutor do bondinho que morreu no acidente pode ser vista em vários pontos do bairro em lembranças como murais.

2 de 5 O motorneiro Nelson Correa da Silva, que morreu no acidente de 2011 — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O motorneiro Nelson Correa da Silva, que morreu no acidente de 2011 — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O rosto de Nelson, sorrindo ao comando de um bondinho, está pintado na estação do Largo do Curvelo, uma das mais conhecidas do trajeto dos veículos em Santa Teresa.

Para Dulce, a vida mudou muito após a morte do marido, com quem estava casada há 30 anos e teve dois filhos. A família chegou a ser indenizada mas, mesmo assim, perdeu a principal fonte de renda e ela passou a vender doces para sustentar a casa.

No entanto, a maior ausência é emocional. A viúva define a perda como uma ferida que nunca se fecha.

“Esse mês de agosto é um mês que mexe muito com a gente. Mas a gente coloca Deus na frente e segue caminhando”, disse Dulce.

Segundo os moradores de Santa Teresa, Nelson era um motorista “cauteloso e experiente”. [https://de.com/rio-de-janeiro/noticia/2011/08/video-mostra-motorneiro-jogando-areia-nos-trilhos-de-bonde-no-rio.html] Ele chegou a ganhar uma homenagem em uma das bilheterias do bondinho.

3 de 5 Homenagem a Nelson na bilheteria do bondinho de Santa Teresa em 2011 — Foto: Patrícia Kappen/ de

Homenagem a Nelson na bilheteria do bondinho de Santa Teresa em 2011 — Foto: Patrícia Kappen/ de

LAUDO APONTOU PROBLEMAS

Um laudo realizado pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) apontou diversos problemas de manutenção no bonde. Os peritos constataram que a causa determinante do acidente foi a falha no sistema de freios do veículo.

Indenizações foram pagas durante o andamento do processo, mas ninguém foi preso por causa do acidente.

Em primeira instância, quatro réus foram condenados a 4 anos de detenção em regime aberto. A defesa dos réus recorreu, mas a condenação foi mantida.

Em 2019, o processo foi encaminhado para instâncias superiores da Justiça. O processo do TJRJ foi arquivado em 2023.

4 de 5 Acidente com o bonde de Santa Teresa em 2011 — Foto: Pedro Balallai/VC no de

Acidente com o bonde de Santa Teresa em 2011 — Foto: Pedro Balallai/VC no de

POUCOS BONDINHOS

De acordo com a Associação de Moradores de Santa Teresa (Amast), os bondinhos circulam pelo bairro atualmente com uma capacidade muito reduzida e limitada, deixando o serviço a desejar. O número de veículos não é suficiente para atender a demanda de quem vive na região.

“Existe atualmente uma capacidade muito limitada e isso tem gerado um problema em relação a lotação dos bondinhos. Os moradores, por conta da pouca oferta, ficam limitados”, afirmou Paulo Saad, presidente da Amast.

Ele destaca que os moradores do bairro dividem espaço com os turistas que visitam a região e querem usar os bondinhos, que circulam em um horário de aproximadamente 8h às 19h, considerado aquém para as necessidades de quem, por exemplo, estuda ou trabalha à noite, ou sai muito cedo de casa.

“O bonde é um atrativo de quem nos visita, mas é preciso haver uma forma de organização que garanta que o serviço atenda os visitantes e moradores”, ressaltou Paulo, que se solidariza com as vítimas do acidente em Portugal.

5 de 5 Bondinhos que circulam no bairro de Santa Teresa, na região central do Rio de Janeiro — Foto: Cristina Boeckel/ de

Bondinhos que circulam no bairro de Santa Teresa, na região central do Rio de Janeiro — Foto: Cristina Boeckel/ de

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