Da farda à fantasia: ‘Homem de Ferro’ voluntário leva alegria a pacientes em hospital de Divinópolis
Júlio César, policial militar aposentado, usa armadura feita por ele mesmo para visitar pacientes internados. Ação começou após um plantão marcante.
Semanalmente, um som metálico ecoa pelos corredores do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), em Divinópolis, e logo os olhares se voltam curiosos. É o Homem de Ferro chegando. Mas não o das telas de cinema. Esse herói veste armadura com outro propósito: levar sorrisos, esperança e conforto a quem enfrenta momentos difíceis. Por trás da máscara está Júlio César, policial militar aposentado que encontrou no voluntariado uma nova forma de servir.
Com apoio dos filhos Kauã e Ryan, Júlio se dedica à missão há mais de dois anos. A escolha do personagem vem de uma paixão de infância. “Eu sempre fui fascinado pelo Homem de Ferro. Tenho vários itens que remetem ao super-herói e, há muitos anos, comprei o capacete por hobby”, contou.
A paixão foi além da coleção. Ele usou a própria impressora 3D para montar toda a armadura, peça por peça, com atenção aos mínimos detalhes. O que começou como passatempo se transformou em missão.
A virada de chave aconteceu durante um plantão policial. “A ideia das visitas surgiu num dia comum de trabalho, quando a gente se deparou com uma garotinha em situação muito vulnerável. Aquilo me comoveu profundamente”, lembrou. Foi nesse momento que o “Júlio herói” e o “Júlio policial” se encontraram.
Desde então, ele visita, pelo menos uma vez por mês, diversos setores do hospital: alas pediátricas, clínicas, oncológicas e até a UTI. Sempre com sensibilidade e cuidado. As crianças se encantam. Os adultos se surpreendem. A presença do “Homem de Ferro” vai além do lúdico — é uma injeção de ânimo em meio a tratamentos e incertezas.
Mas nem todos os encontros tiveram finais felizes. “Teve uma menina que lutava contra um câncer na cabeça. Tivemos muitos momentos juntos, mas ela acabou falecendo. Um garotinho de Pará de Minas, um grande parceiro, também não resistiu. Mas, graças a Deus, muitos conseguiram se recuperar. E até hoje mantenho contato com vários deles”, disse.
Além da armadura feita com cuidado, Júlio ainda deixa uma lembrança para marcar cada visita: um chaveiro artesanal com a miniatura do super-herói.
Do combate ao crime à luta contra a tristeza e o desânimo, Júlio César mostra que, mesmo fora da farda, continua salvando o dia de muita gente — agora com armadura e um coração gigante.