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“Bolsonaro veio do esgoto da história”, afirma Wagner Moura após censura

Última atualização 23/10/2021 | 21:51

­Perto do lançamento da sua estreia como diretor, Wagner Moura contou o alívio em poder levar o filme ”Marighella” aos cinemas. Marcado por adiantamentos, o filme chega ao cinema brasileiro no dia 4 de novembro.

Originalmente, era previsto que ele chegasse ao público há dois anos, mas a pandemia e problemas envolvendo a aprovação da Ancine, a Agência Nacional do Cinema, impossibilitaram que o lançamento acontecesse. Segundo o ator, ”Marighella” foi censurado pelo órgão por se tratar da biografia de Carlos Marighella, guerrilheiro comunista que lutou contra a ditadura militar.

“As negativas da Ancine para o lançamento e, depois, o arquivamento dos nossos pedidos não têm explicação. E isso veio numa época em que o Bolsonaro falava publicamente sobre filtragem na agência”, diz ele.

Ataque a cultura

Moura acredita que a resistência do filme vem também de uma parte do público e de ânimos políticos exaltados e um governo federal que tem atacado a cultura frequentemente.

“A polêmica de ‘Marighella’ é muito menos sobre o Carlos Marighella e a luta armada do que sobre o governo Bolsonaro. É um filme sobre um personagem histórico, de seu tempo; Bolsonaro que é um personagem anacrônico.”

O filme conta com a presença de Seu Jorge na pele do guerrilheiro e escritor, ”Marighella” além da presença de Bruno Gagliasso, Adriana Esteves e Humberto Carrão no elenco. Exibido no Festival de Berlim em 2019, o filme foi aplaudido de pé por críticos mas, mesmo assim, não ganhou forças para chegar logo às salas de cinemas brasileiras.

”É triste que um filme que tenha sido feito em 2017 até hoje não tenha estreado? É triste. Porém, hoje em dia, já está muito mais claro para os brasileiros a tragédia que é o governo Bolsonaro do que talvez em 2019, quando tentamos lançar “Marighella” pela primeira vez. Talvez, hoje, haja uma maior compreensão de que isso é um produto cultural brasileiro, que o fato de ser proibido, censurado, atacado pelo governo é um absurdo.” diz Moura a Folha de S. Paulo.