Xadrez político deve atrasar escolha de ministro substituto para o TCU

A tentativa do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), de pagar uma antiga dívida pode atrasar a escolha do novo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). O posto está vazio desde a aposentadoria por idade de Ana Arraes em julho deste ano. Os candidatos à vaga vitalícia não agradam ao deputado reeleito com ampla votação em Alagoas no último domingo, 3.

Na eleição para o cargo na Câmara há dois anos, uma das condições para ascensão de Lira teria sido a indicação do deputado Jonathan de Jesus (Rep-RR). No entanto, um dos nomes preferido de várias bancadas na atual composição da Casa para o mandato de ministro é o do deputado Fábio Ramalho (MDB-MG). Como o emedebista não foi eleito, ele poderia ser premiado com a vaga como uma consolação. 

A estratégia estragaria os planos do pepista, por isso o interesse em adiar a votação para 2023. A ideia seria aguardar a eleição para a nova mesa diretora da Câmara, o que pulverizaria a oferta de cargos visados pelos novos e reeleitos parlamentares e pelas bancadas que representam e também poderia favorecer a retribuição do apoio costurado em 2020.

“Temos segundo turno para resolver. Antes do segundo turno, não [faremos a votação do indicado ao TCU]”, anunciou Arthur nesta semana.

O plano esbarra em um obstáculo que precisa ser vencido até fevereiro do próximo ano. Lira tem que se reeleger presidente da Câmara para concretizar seus projetos, o que deve ocorrer mesmo se Lula (PT) for reeleito. É que o deputado federal apoiador de Bolsonaro tem a bênção de sua sucessão recebida de boa parte das bancada que avaliza um novo mandato de Jair, sendo a representatividade dos correligionário do atual chefe do Executivo importante nesse cenário.

No jogo das cadeiras, uma porcentagem não liberada do orçamento secreto seria uma carta na manga para negociar com os parlamentares novatos mais dois anos de Lira como presidente da Câmara. A mesa diretora tem seis titulares, quatro suplentes e ainda o presidente da Câmara. Já o TCU possui nove ministros, sendo seis escolhidos pelo Congresso Nacional, uma pelo presidente da República e duas reservadas para auditores do tribunal e procuradores do Ministério Público de Contas.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Gabinete de transição ganha reforço com Simone Tebet e Kátia Abreu 

Duas semanas após as eleições, o grupo de trabalho responsável pela transição do governo para a posse Lula ganhará reforços. Na lista de integrantes do gabinete que devem ser nomeados estão a ex-presidenciável Simone Tebet, a filha do cantor Gilberto Gil, Bela Gil, e a ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Os nomes foram anunciados pelo vice-presidente eleito e coordenador do trabalho, Geraldo Alckmin,  nesta segunda-feira. Ao todo são 31 grupos técnicos.

Gil e Tebet fazem parte do tópico Desenvolvimento Social e Combate a Fome, enquanto Abreu de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As áreas ainda sem nomes definidos são Infraestrutura, Minas e Energia, Previdência Social, Trabalho, Ciência, Tecnologia e Inovação, Desenvolvimento Agrário, Pesca e Turismo. (Veja abaixo todos os nomeados no gabinete de transição).

Na semana passada, a goiana Iêda Leal  foi incluída no grupo para cuidar do eixo e Igualdade Racial com outras seis pessoas, incluindo a ex-ministra da área na gestão de Dilma Rousseff, Nilma Gomes. As outras formações para discussão e planejamento são  Comunicação, Igualdade Racial, Direitos Humanos, Planejamento, Orçamento e Gestão, Indústria, Comércio, Serviços e Pequenas Empresas e Mulheres. 

Há 20 anos, uma lei federal garante acesso de uma equipe formada por 50  pessoas e de um coordenador a informações e dados de instituições públicas. A medida visa colaborar no planejamento de ações a partir da posse do presidente eleito. O trabalho está autorizado a  começar no segundo dia útil do anúncio do vencedor da eleição e deve ser finalizada até o décimo dia após a posse presidencial.

Confira a lista completa dos integrantes do gabinete de transição:

Economia

-Persio Arida, banqueiro, foi presidente do BNDES e do BC

-Guilherme Mello, economista, colaborou com o programa de Lula

-Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento de Dilma (PT)

-André Lara Resende, economista e um dos pais do Plano Real

Planejamento, Orçamento e Gestão

-Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento 

-Esther Dweck, professora da UFRJ

-Antônio Correia Lacerda, presidente do Conselho Federal de -Economia

-Enio Verri, deputado federal (PT-PR)

Comunicações

-Paulo Bernardo, ministro das Comunicações de Dilma

-Jorge Bittar, ex-deputado (PT)

-Cézar Alvarez, ex-secretário no Ministério das Comunicações

-Alessandra Orofino, especialista em economia e direitos humanos

Indústria, Comércio e Serviços

-Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES sob Lula e sob Dilma (2007-2016)

-Germano Rigotto, ex-governador do RS (MDB)

-Jackson Schneider, executivo da Embraer e ex-presidente da Anfavea

-Rafael Lucchesi, Senai Nacional

-Marcelo Ramos, deputado federal (PSD-AM)

Micro e Pequenas Empresas

-Tatiana Conceição Valente, especialista em economia solidária

-Paulo Okamotto, ex-presidente do Sebrae

-André Ceciliano, candidato derrotado ao Senado pelo PT no Rio

-Paulo Feldmann, professor da USP

Desenvolvimento Social e Combate à fome

-Simone Tebet, senadora (MDB)

-André Quintão, deputado estadual (PT-MG), sociólogo e assistente social

-Márcia Lopes, ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Lula

-Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff

-Bela Gil, apresentadora

Agricultura, Pecuária e Abastecimento

-Carlos Fávaro, senador (PSD-MT)

-Kátia Abreu, senadora (Progressistas-TO)

-Carlos Ernesto Augustin, empresário

-Neri Geller, deputado (PP-MT)

Cidades

-Márcio França, ex-governador de São Paulo (PSB)

-João Campos, prefeito do Recife (PSB)

Desenvolvimento Regional

-Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP)

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp