Última atualização 10/10/2022 | 10:43
A tentativa do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), de pagar uma antiga dívida pode atrasar a escolha do novo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). O posto está vazio desde a aposentadoria por idade de Ana Arraes em julho deste ano. Os candidatos à vaga vitalícia não agradam ao deputado reeleito com ampla votação em Alagoas no último domingo, 3.
Na eleição para o cargo na Câmara há dois anos, uma das condições para ascensão de Lira teria sido a indicação do deputado Jonathan de Jesus (Rep-RR). No entanto, um dos nomes preferido de várias bancadas na atual composição da Casa para o mandato de ministro é o do deputado Fábio Ramalho (MDB-MG). Como o emedebista não foi eleito, ele poderia ser premiado com a vaga como uma consolação.
A estratégia estragaria os planos do pepista, por isso o interesse em adiar a votação para 2023. A ideia seria aguardar a eleição para a nova mesa diretora da Câmara, o que pulverizaria a oferta de cargos visados pelos novos e reeleitos parlamentares e pelas bancadas que representam e também poderia favorecer a retribuição do apoio costurado em 2020.
“Temos segundo turno para resolver. Antes do segundo turno, não [faremos a votação do indicado ao TCU]”, anunciou Arthur nesta semana.
O plano esbarra em um obstáculo que precisa ser vencido até fevereiro do próximo ano. Lira tem que se reeleger presidente da Câmara para concretizar seus projetos, o que deve ocorrer mesmo se Lula (PT) for reeleito. É que o deputado federal apoiador de Bolsonaro tem a bênção de sua sucessão recebida de boa parte das bancada que avaliza um novo mandato de Jair, sendo a representatividade dos correligionário do atual chefe do Executivo importante nesse cenário.
No jogo das cadeiras, uma porcentagem não liberada do orçamento secreto seria uma carta na manga para negociar com os parlamentares novatos mais dois anos de Lira como presidente da Câmara. A mesa diretora tem seis titulares, quatro suplentes e ainda o presidente da Câmara. Já o TCU possui nove ministros, sendo seis escolhidos pelo Congresso Nacional, uma pelo presidente da República e duas reservadas para auditores do tribunal e procuradores do Ministério Público de Contas.