Xerostomia: riscos e impactos na saúde bucal com mais de 400 medicamentos; saiba como se proteger com dicas profissionais

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Mais de 400 medicamentos causam xerostomia; entenda como isso afeta sua saúde

A automedicação é um hábito de 90% dos brasileiros e pode levar à xerostomia.
Saiba os perigos e como se proteger

Presente em muitas bulas de medicamentos, a xerostomia é um efeito
colateral subestimado — Foto: Freepik

A cena é familiar: a dor de cabeça aperta, a febre sobe ou a insônia não dá
trégua. O que fazemos? Na grande maioria das vezes, recorremos àquela velha
caixinha de primeiros socorros em casa. Seja por economia de tempo, por
acreditar que o problema é “simples demais” ou por considerar que a solução já
foi testada e comprovada, a automedicação é uma realidade no Brasil.

Dados do Jornal da USP jogam uma luz sobre esse comportamento, revelando que a
automedicação é um hábito comum de 90% dos brasileiros. É um número que acende
um alerta: se nove em cada dez pessoas decidem a própria dose e o próprio
medicamento, a responsabilidade de conhecer os riscos e efeitos colaterais se
torna ainda maior.

E é aqui que um detalhe, que parece inofensivo, ganha proporções que podem
comprometer a saúde a longo prazo: a xerostomia, popularmente conhecida como
boca seca.

Você sabia que mais de 400 tipos de medicamentos — que vão desde
antidepressivos, anti-hipertensivos e antialérgicos até analgésicos e
descongestionantes comuns — têm a boca seca como um efeito colateral? Este dado
divulgado pelo Journal of the American Dental Association mostra que aquele
pequeno incômodo na boca pode ser o aviso de um problema muito maior.

Muitas vezes, tratamos a saliva apenas como aquele líquido que sentimos na boca.
No entanto, ela é uma das ferramentas mais incríveis e essenciais do nosso corpo
e a principal aliada da nossa saúde bucal.

A saliva tem um papel fundamental que vai muito além de umedecer os alimentos e
facilitar a digestão. Ela atua como uma verdadeira capa protetora contra
ameaças.

* pH balanceado: Ela ajuda a neutralizar os ácidos produzidos pelas bactérias
na boca (que causam cárie), mantendo o pH em um nível seguro.
* Limpeza natural: Atua como um “detergente” natural, limpando e varrendo
restos de comida e microrganismos.
* Remineralização: É rica em minerais (cálcio, fosfato) que ajudam a reparar os
danos iniciais nos dentes.
* Ação antimicrobiana: Possui anticorpos e enzimas que combatem ativamente
bactérias e fungos.

Xerostomia é, em termos simples, a sensação de boca seca causada pela diminuição
ou interrupção do fluxo salivar. Quando a produção de saliva cai drasticamente,
todo esse sistema de defesa é comprometido. O paciente sente a boca áspera,
dificuldade em engolir, alteração no paladar e, muitas vezes, apresenta mau
hálito persistente.

Para o Dr. Frederico Coelho (CRO-GO 5621), fundador do Crool Centro
Odontológico, Mestre e Doutor em Implantodontia, a xerostomia é um sinal que
nunca deve ser ignorado. “A boca seca pode parecer um efeito colateral pequeno
perto da doença que está sendo tratada, mas seus impactos na qualidade de vida e
na saúde bucal são enormes. Quando o paciente relata o sintoma, precisamos
imediatamente investigar a causa e propor um manejo adequado, especialmente se o
uso da medicação for crônico”, explica o especialista.

Se a saliva é a nossa defesa, sua ausência é a porta de entrada para problemas.
Ao ter o seu fluxo diminuído por conta de medicamentos (ou por outras causas,
como o envelhecimento, tratamentos de radioterapia ou algumas doenças
autoimunes), a boca se torna um ambiente desprotegido.

Um estudo publicado no Journal of the Canadian Dental Association confirma essa
periculosidade: pacientes com xerostomia, ou boca seca, resultante de várias
causas, apresentam maior risco de desenvolver cáries devido à perda de saliva e
seus benefícios.

Por conta da baixa ou ausência de saliva, a progressão da cárie é muito mais
rápida e agressiva. Os dentes perdem a capacidade de se remineralizar, e o
processo de desmineralização se acelera, muitas vezes atacando a região da raiz.

Além das cáries, a xerostomia também aumenta o risco de:

* Doença periodontal (gengivite e periodontite): O acúmulo de placa bacteriana,
que a saliva ajudaria a remover, aumenta a inflamação e infecção das gengivas
e ossos de suporte dos dentes.
* Candidíase oral (sapinho): A saliva tem um papel antifúngico. Sem ela, fungos
como a Candida albicans se proliferam, causando lesões brancas e dolorosas na
boca.
* Dificuldade de usar próteses: A boca seca dificulta a aderência das próteses,
causando feridas e machucados crônicas.

Vale a pena lembrar que aqui no DE já trouxemos artigos que alertam para a
xerostomia causada por outros hábitos e substâncias em alta.

Relembramos o perigo do dry scooping
(o consumo do pré-treino em pó, como a creatina, sem a diluição em água) e o uso
das populares canetas emagrecedoras.
Em ambos os casos, a desidratação e os efeitos colaterais das substâncias podem
impactar severamente o fluxo salivar. É um lembrete importante de que a boca
seca não é exclusividade dos medicamentos de farmácia, mas sim de um
desequilíbrio que pode vir de onde menos se espera.

A mensagem principal não é para que você pare de tomar seus medicamentos. É para
que você jamais se automedique e sempre comunique qualquer efeito colateral ao
seu médico ou cirurgião-dentista. A chave para a segurança é o acompanhamento de
um profissional da saúde.

O Dr. Frederico Coelho enfatiza a importância de um olhar integral. “Ao iniciar
um tratamento medicamentoso que causa xerostomia, o dentista precisa estar
ciente. Podemos fazer um acompanhamento mais de perto, com consultas
profiláticas mais frequentes, e indicar produtos específicos para ajudar a
proteger o esmalte dos dentes e estimular o fluxo salivar. O objetivo é manter o
tratamento principal sem comprometer a saúde bucal,” afirma.

Hidratação é fundamental: Beba água em pequenos goles ao longo do dia, e não
apenas quando sentir sede intensa.

Mantenha uma higiene rigorosa: Escove os dentes após as refeições e use o
fio dental religiosamente. A boca seca torna o ambiente mais propenso a
cáries e gengivite.

Evite irritantes: Reduza o consumo de cafeína, álcool (que desidratam) e
tabaco (que irrita a mucosa).

Aposte nos estimuladores: Mascar chicletes sem açúcar ou chupar balas sem
açúcar (com xilitol, por exemplo) pode ajudar a estimular a produção de
saliva.

Use produtos específicos: Existem salivas artificiais (substitutos
salivares) e pastas de dente e enxaguantes específicos para boca seca, que
ajudam a umidificar e proteger.

A boca seca é um sinal de alerta de que o seu corpo precisa de atenção extra. Se
você está em uso de qualquer medicamento contínuo e sente a boca seca, procure
um especialista.

O Crool Centro Odontológico oferece uma avaliação completa da saúde bucal e
profilaxia personalizada, sendo o local ideal para um acompanhamento preventivo
de qualidade. Prevenir os problemas advindos da boca seca é a melhor forma de
garantir que seu sorriso permaneça saudável, mesmo durante um tratamento
medicamentoso.

Não subestime o poder da sua saliva. Ela é uma guardiã da sua saúde, e merece
todo o cuidado. Tratamento odontológico? Crool, é lógico!

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