Youtuber é condenado por associar CoronaVac à homossexualidade

O youtuber conservador e bolsonarista Marcelo Frazão, de 54 anos, foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo pelo crime de homofobia, após gravar um áudio onde afirma que o imunizante contra a covid-19, o CoronaVac ”poderia alterar o código genético” e causar ”síndromes graves” como ”câncer” e ”homossexualismo”.

O áudio viralizou nas redes sociais em outubro de 2020. Na gravação, Frazão ainda afirma que a vacina é ”uma pauta comunista que tem como objetivo reduzir a população mundial” e que ”as pessoas que a tomarem vão passar a ter problemas gravíssimos de saúde”.

“Os filhos e os netos vão ter problemas graves porque ela (a vacina) vai alterar o código genético”, diz o bolsonarista em áudio. “Quando seu filho for ter o filho dele, ele vai nascer com problema. O menino pode deixar de ser menino, vai virar menina. A menina deixa de ser menina e vira menino.”

O youtuber pegou 2 anos e 4 meses de reclusão em regime inicial aberto, podendo ter a pena substituída por prestação de serviços à comunidade, sendo uma hora de tarefa por dia de condenação.

Ele também foi condenado a um pagamento de indenização por dano moral coletivo de 50 salários mínimos, o equivalente a R$ 60,6 mil. O acusado pode ainda recorrer a decisão.

Afirmação transfóbica e homofóbica

À Justiça, o Ministério Público argumento que Frazão ”agiu de forma claramente preconceituosa”. “O comportamento sexual, a orientação sexual e a identidade de gênero não são doenças e não podem ser provocadas por medicamentos ou cargas virais”, declarou o promotor Willian Daniel Inácio.

O promotor ainda reforçou que “as mensagens de áudio e texto divulgadas pelo denunciado são homofóbicas e transfóbicas, revelando aversão odiosa à orientação sexual e à identidade de gênero de número indeterminado de pessoas, ao compará-las a doenças e ao sugerir sua ligação com questões genéticas”.

Em defesa, o youtuber disse que não é homofóbico e que a fala foi ”retirada do contexto”, já que, segundo ele, corresponde a parte de uma suposta aula de genética. O condenado disse ainda não considerar homossexualidade uma patologia, mas que apenas existem os sexos feminino e masculino.

Contudo, durante o interrogatório, o bolsonarista disse não acreditar na existência da Covid-19 e nem na vacina para a doença. ”Ambos são assuntos políticos” disse Frazão. ”A vacina é um crime contra a humanidade”.

O canal de Marcelo Frazão, com 170 mil inscritos no Youtube, foi banido da plataforma.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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