Press "Enter" to skip to content

Youtuber é condenado por associar CoronaVac à homossexualidade

Última atualização 30/01/2022 | 13:15

O youtuber conservador e bolsonarista Marcelo Frazão, de 54 anos, foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo pelo crime de homofobia, após gravar um áudio onde afirma que o imunizante contra a covid-19, o CoronaVac ”poderia alterar o código genético” e causar ”síndromes graves” como ”câncer” e ”homossexualismo”.

O áudio viralizou nas redes sociais em outubro de 2020. Na gravação, Frazão ainda afirma que a vacina é ”uma pauta comunista que tem como objetivo reduzir a população mundial” e que ”as pessoas que a tomarem vão passar a ter problemas gravíssimos de saúde”.

“Os filhos e os netos vão ter problemas graves porque ela (a vacina) vai alterar o código genético”, diz o bolsonarista em áudio. “Quando seu filho for ter o filho dele, ele vai nascer com problema. O menino pode deixar de ser menino, vai virar menina. A menina deixa de ser menina e vira menino.”

O youtuber pegou 2 anos e 4 meses de reclusão em regime inicial aberto, podendo ter a pena substituída por prestação de serviços à comunidade, sendo uma hora de tarefa por dia de condenação.

Ele também foi condenado a um pagamento de indenização por dano moral coletivo de 50 salários mínimos, o equivalente a R$ 60,6 mil. O acusado pode ainda recorrer a decisão.

Afirmação transfóbica e homofóbica

À Justiça, o Ministério Público argumento que Frazão ”agiu de forma claramente preconceituosa”. “O comportamento sexual, a orientação sexual e a identidade de gênero não são doenças e não podem ser provocadas por medicamentos ou cargas virais”, declarou o promotor Willian Daniel Inácio.

O promotor ainda reforçou que “as mensagens de áudio e texto divulgadas pelo denunciado são homofóbicas e transfóbicas, revelando aversão odiosa à orientação sexual e à identidade de gênero de número indeterminado de pessoas, ao compará-las a doenças e ao sugerir sua ligação com questões genéticas”.

Em defesa, o youtuber disse que não é homofóbico e que a fala foi ”retirada do contexto”, já que, segundo ele, corresponde a parte de uma suposta aula de genética. O condenado disse ainda não considerar homossexualidade uma patologia, mas que apenas existem os sexos feminino e masculino.

Contudo, durante o interrogatório, o bolsonarista disse não acreditar na existência da Covid-19 e nem na vacina para a doença. ”Ambos são assuntos políticos” disse Frazão. ”A vacina é um crime contra a humanidade”.

O canal de Marcelo Frazão, com 170 mil inscritos no Youtube, foi banido da plataforma.