Zanin ouviu as mesmas reclamações que fazia quando era advogado de Lula. Há pelo menos três pontos de contato entre os argumentos das defesas de Bolsonaro e aliados com as questões levantadas pelo ex-advogado do presidente Lula durante o julgamento Lava Jato. No Brasil, o mundo gira mais rápido do que se imagina. A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que está julgando a denúncia contra Jair Bolsonaro e mais sete acusados pela tentativa de golpe de Estado, tem como presidente Cristiano Zanin, ex-advogado do presidente Lula.
No exercício da defesa de Lula no julgamento da Lava Jato, Zanin levantava os mesmos argumentos que os advogados dos denunciados hoje levantaram. Por exemplo, os vícios na delação premiada de Mauro Cid. Justamente um dos pontos que Zanin apontava sobre as delações da Lava Jato. Outro ponto de contato entre a defesa de Lula e a defesa de Bolsonaro é a suspeição do juiz. Zanin considerava Sergio Moro um juiz suspeito, tese que foi consagrada anos mais tarde no STF, e a defesa de Bolsonaro considera Alexandre de Moraes suspeito.
E, por fim, o terceiro ponto coincidente entre a argumentação de Zanin e os advogados dos denunciados de hoje: qual o foro é competente para julgar o caso? Zanin alegava que Moro não era o juiz natural em muitos casos, e a mesma tese é defendida hoje pelos advogados que estão no plenário nesta terça-feira (25). Esse blog, há meses, identificou o processo das defesas dos acusados do golpe de Estado como “lavatização”, uma estratégia para criar pontos de contatos com o processo da Lava Jato, que vem sendo anulado pela justiça na maior parte dos casos.